Cristianismo
HISTÓRIA DA IGREJA NO SECULO V
405 – JERÔNIMO COMPLETA A VULGATANasce em 340;
Cito Durant, A idade da fé:
Era, no entanto, um cristão verdadeiramente apaixonado por sua religião. Juntou-se a Rufino e outros para fundar uma irmandade de ascetas em Aquiléia, e em suas prédicas aconselhava tanto a perfeição, que o bispo o censurou por se mostrar indevidamente impaciente com a fragilidade natural da alma humana. A isto respondeu ele chamando o bispo de ignorante, brutal, perverso, do mesmo nível do rebanho humano que con¬duzia e péssimo piloto de um barco desgarrado. Jerônimo e alguns companheiros deixaram Aquiléia entregue a seus pecados e seguiram para o Oriente Próximo; entraram para um mosteiro do deserto de Cálcis, perto de Antioquia. O clima insalubre que prejudicou-lhes a saúde; dois morreram e o próprio Jerônimo esteve, duran¬te muito tempo, entre a vida e a morte. Deixou então o mosteiro para ir viver (...) uma ermida do deserto, onde se entregava, uma vez ou outra, à leitura de Virgílio e Cícero. Levara consigo sua biblioteca e não podia afastar-se, de vez, da prosa c da poesia dos clássicos, cuja beleza o fascinava. Sua narrativa a respeito revela bem a disposição de seu espírito.
‘Sonhara que tinha morrido e que havia sido arrastado à presença do Supremo Juiz, Pediram-me que dissesse qual era minha religião. Respondi que era cristão. Ele, porém que presidia o julgamento, contestou dizendo: "Estás mentindo, és um ciceroniano e não um cristão. Pois onde tiveres teu tesouro, lá estará também teu coração." Fiquei logo sem fala e senti depois os golpes do açoite - pois ele havia ordenado que me açoitassem ... Finalmente os presentes caíram de joelhos dian¬te dele e imploraram que me perdoasse a juventude, e me desse oportunidade de poder arrepender-me dos erros, com a condição, porém, de que me seria infligida extrema tortura se tornasse a ler novamente os livros dos autores gentios ... Essa ex¬periência não foi um sonho agradável, tampouco sem razão de ser ... Confesso que meus ombros estavam roxos e senti as dores dos açoites muito tempo depois de es¬tar acordado. Dali por diante dispensei à leitura dos livros de Deus uma atenção muito maior da que, até então, vinha dando aos livros dos homens’” (p46)
Jerônimo realizou a Tradução completa da Bíblia para o latim;
Cito Curtis:
“Jerônimo começou sua obra em 382. Quando Dâmaso morreu, em 384, Jerônimo, aparentemente, alimentava o desejo de ocupar a posi¬ção de bispo de Roma. Em parte pela amargura de não ter sido escolhido, e em parte pelo desejo de se livrar das distrações, Jerônimo mudou-se de Roma para a Terra Santa, estabele¬cendo-se em Belém. Em 405, terminou sua tradução, que não foi sua única obra. Durante aqueles 23 anos, ele também produziu comentários e outros escritos, servindo de conse¬lheiro espiritual para algumas viúvas ricas e bastante devotas. Ele se en¬volveu em várias batalhas teológicas de seus dias, por meio de cartas elo¬qüentes - e, às vezes, bastante cáus¬ticas - que até hoje são considera¬das muito dramáticas.
Jerônimo começou sua tradução trabalhando a partir da Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamen¬to. Porém, logo estabeleceu um pre¬cedente para todos os bons traduto¬res do Antigo Testamento: passou a trabalhar a partir dos originais em hebraico. Jerônimo consultou muitos rabinos e procurava com isso atingir um alto grau de perfeição.
Jerônimo ficou surpreso com o fato de as Escrituras hebraicas não incluírem os livros que chamamos hoje apócrifos. Por terem sido incluídos na Septuaginta, Jerônimo foi compelido a incluí-Ios também em sua tradução, mas deixou sua opinião bastante cla¬ra: eles eram liber ecclesiastici ("livros da igreja"), e não liber canonici ("livros canônicos"). Embora os apócrifos pu¬dessem ser usados para a edificação, não poderiam ser utilizados para es¬tabelecer doutrina alguma. Centenas de anos mais tarde, os líderes da Re¬forma dariam um passo adiante e não incluiriam esses livros na versão bí¬blica protestante.”
A DECADÊNCIA DOS CRISTÃOSCito Anglin:
“Mas não obstante o Senhor ter assim livrado o seu povo de muitos perigos, foram os próprios cristãos que prepara¬ram para si bastante trabalho pelas suas loucuras. O pro¬cedimento do clero (com algumas brilhantes exceções) tor¬nara-se notavelmente irregular, e tinha decaído a tal ponto em Roma, que dois candidatos ao bispado, Lourenço e Simaco, nos esforços que empregaram para obter o lugar, não temeram fazer as mais. graves acusações um ao outro. O atrevimento do clero revela-se de um modo notável r no fato de que Martinho bispo de Tours, (que era um cristão fiel e dedicado), consentiu'em ser servido à mesa pela mu¬lher do imperador Máximo, vestida como uma criada! Também se conta deste bispo outra história da mesma espécie. Estando um dia a jantar com o imperador, este pas¬sou-lhe a sua taça, pedindo que bebesse primeiro. Marti¬nho assim fez com grande ostentação, mas antes de resti¬tuir a taça ao imperador, passou-a ao seu capelão, fazendo observações de que os príncipes e potentados estavam abaixo da dignidade de padres e bispos.
A ambição pela distinção na igreja estava também con¬sumindo a energia de muitos cristãos menos talentosos, e por isso foram criados numerosos lugares novos: e assim começou-se a ouvir falar de subdiáconos, leitores, ajudan¬tes, acólitos, exorcistas, e porteiros. Mas além de tudo isso também se tornara comum a adoração das imagens e a in¬vocação dos santos; e a perseguição que sofreu Nestor por se recusar a empregar o termo "Mãe de Deus" referindo-se à virgem Maria, mostra muito claramente para onde a igreja estava resvalando.” (p71)
HÁ REAÇÃO À DECADÊNCIA DA IGREJACito Durant, Idade da Fé:
“Desde que deixara de ser um agrupamento de devotos e se tornara uma instituição que governava milhões de homens, a Igreja começou a adotar um ponto de vista mais complacente pata com a fragilidade humana e a tolerar os prazeres do mundo, do qual. às vezes, participava. Uma minoria de cristãos considerou tal condescendência como traição a Cristo, e resolveu ganhar o reino dos céus 'levando uma vida de pobre¬za, castidade e orações. Isolaram-se completamente do mundo (...)”
A IGREJA NO INÍCIO DO PERÍODO MEDIEVAL
OS PRINCIPAIS SOLDADOS DE CRISTO: OS LÍDERES DO SÉCULO V:Cito Durant, Idade da Fé:
“Jerônimo e Agostinho foram os dois maiores vultos de uma época extraordinária. Entre os Padres da Igreja medieval dos primeiros tempos, nove foram os que se distin¬guiram como "Doutores da Igreja": Atanásio, Basílio, Gregório Nazianzeno, João Crisóstomo eJoão Damasceno, no Oriente, e Ambrósio, Jerônimo, Agostinho e Gre¬gório, o Grande, no Ocidente.”
431 – O CONCÍLIO DE ÉFESO:Disputas teológicas:
Alexandria + Roma X Antioquia + Constantinopla
- De Influência Grega; - Ênfase na humanidade de
- Ênfase ao Cristo Divino; Cristo;
- Apolinário disse que - Nestório é contrário à idéia
Cristo era humano apena de que Maria era ‘portadora’
corporalmente; de Deus, e opôs-se às idéias
de Apolinário;
Cito Curtis:
“Em 431, no Terceiro Concílio Ecu¬mênico em Éfeso, o maquinador Ci¬rilo conseguiu que Nestório fosse deposto antes que ele e seus amigos pudessem chegar ao local das reu¬niões. Quando os clérigos ausentes chegaram, condenarar;n Ciril0 e seus seguidores sob a liderança de João, o ~ patriarca de Antioquia. O imperador' Teodósio, que convocara o concílio, foi pressionado e terminou por exi¬lar Nestório.
Adicione a essa situação volátil um clérigo que levava a ênfase ale¬xandrina às últimas conseqüências. Eutíquio, chefe de um mosteiro pró¬ximo a Constantinopla, ensinava uma idéia que passou a ser chamada mo¬nofisismo (de mono, "um", e physis, "natureza"). Esse ponto de vista sus¬tentava que a natureza de Cristo es¬tava perdida na divindade, "assim como uma gota d'água que cai no mar é absorvida por ele".
O patriarca Flaviano de Constan¬tinopla condenou Eutíquio por heresia, mas o patriarca Dióscoro, de AJe¬xandria, o apoiou. A pedido de Diós¬coro, Teodósio convocou outro con¬cílio, que se reuniu em Éfeso, em 449. Esse concílio proclamou que Eutíquio não era herege, mas muitas igrejas consideraram esse concílio inválido. O papa Leão I rotulou aquele encon¬tro de "Sínodo de Ladrões" e, atual¬mente, ele não é considerado um concílio ecumênico válido.”
Resultados:
Nestorianismo é considerado Heresia;
Pelágio é condenado;
Vitória da visão Alexandrina de Cristo;
451 – CONCÍLIO DE CALCEDÔNIATarefas:
Resolver questões ainda pendentes desde Éfeso;
Estabelecer a ordem;
Afirmar o poder papal cima dos bispos
Cito Curtis:
“Dióscoro sempre foi uma figura um tanto sinistra. Agora, nesse concílio, ele foi excomungado da igreja com resultado de suas ações no "Sínodo de Ladrões".
Durante o Concílio de Calcedô¬nia foi lida uma afirmação sobre a• natureza de Cristo, chamada tomo [carta dogmática], de autoria do pa¬pa Leão I. Os bispos incorporaram seu ensinamento à declaração de fé que foi chamada de Definição de fé de Calcedônia . Nessa Definição de fé, Cris¬to "reconhecidamente tem duas na¬turezas, sem confusão, sem mudan¬ça, sem divisão, sem separação (...) a propriedade característica de cada na¬tureza é preservada Nele”
QUESTÕES PARA DEBATE:
- A família e a Mulher na Igreja Medieval:Cito Durant, Idade da Fé:
“Contudo, a Igreja fortaleceu a família cercando o caSamento de uma cerimônia so¬lene e sublimando-o pelo sacramento. Em tornando o casamento indissolúvel. au¬mentou a segurança e a dignidade da esposa e estimulou a paciência que advém da falta de segurança. A posição da mulher foi, durante algum tempo, prejudicada pela doutrina de alguns chefes cristãos, os quais afirmavam que a mulher era a fonte do pecado e o instrumento de Satanás; modificou-se. porém, essa posição pelas honras prestadas à Mãe de Deus. Tendo aceito o casamento. a Igreja abençoou a maternida¬de e proibiu severamente que se praticasse o aborto ou o infanticídio; talvez fosse pa¬ra desencorajar tais práticas que seus teólogos condenaram para o limbo eterno toda criança que morresse sem batismo. Foi devido à influência da Igreja que em 374 Valentiniano I proclamou o infanticídio um crime capital.”
A idolatria e o sincretismo na Igreja Medieval:Cito Durant, Idade da Fé:
“O argumento de Agostinho contra o paganismo foi a última resposta nos maiores debates históricos, O paganismo sobreviveu no sentido moral como alegre indulgência de apetites naturais; como religião, permaneceu apenas na forma dos antigos ritos c costumes que haviam sido perdoados, ou aceitos c transformados por uma Igreja muitas vezes indulgente. A veneração íntima aos santos substituíra o culto aos deuses pagãos e satisfizera o politeísmo dos espíritos simples ou poéticos. Deram os nomes de Maria e Jesus às estátuas de Ísis e Hórus; a Lupercália romana e a festa da purificação de Ísis transformaram-se na Festa da Natividade; a Saturnália foi substituída pelas comemorações do Natal, a Fiorália, pelo Dia de Pentecostes, antigo festival dos mortos pelo Dia de Finados,lOo e a ressurreição de Átis, pela ressurreição de Cristo. Dedicaram os altares pagãos aos heróis cristãos; adaptaram e purificaram no ritual da Igreja o incenso, as luzes, as flores, as procissões, as vestes e hinos com os quais satisfa¬ziam os povos nos cultos antigos, A própria imolação de um ser vivo foi sublimada no sacrifício espiritual da missa.
Agostinho protestou contra a veneração aos santos e em termos que Voltaire pode• ria ter usado ao dedicar sua capela de Ferney: "Não tratemos os sarltos como deuses; não desejamos imitar os pagãos que adoravam os mortos. Não construamos templos nem altares para eles, mas levantemos corri suas relíquias um altar para um só Deus." 102 Contudo, a Igreja mui sabiamente aceitou esse antropomorfismo inevitável da teologia popular. Resistiu ao culto dos mártires e relíquias, praticou-o depois e nis¬so se excedeu também. Ela se OpÔSl03 à veneração das imagens, prevenindo os fiéis de que deviam respeitá•las apenas como símbolos, 104 mas o ardor do sentimento popular sobrepujou tais advertências, levando o povo aos excessos dos iconoclastas bizantinos. A Igreja condenou a feitiçaria, a astrologia e a profecia, porém isso se encontrava mui¬to na literatura medieval, assim como na literatura antiga; logo o povo e os sacerdotes iriam servir-se do sinal-da-cruz como coisa maravilhosa para expulsar ou repelir os de¬mônios. Pronunciavam-se exorcismos para os que se apresentavam para o batismo e exigia•se a imersão completa do corpo nu na água, de receio que o diabo estivesse es¬condido em alguma roupa ou ornamento. A cura que outrora se procurava nos templos de Esculápio pôde ser obtida depois nos santuários de São Cosme e São Damião.”
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