Cristianismo
HISTÓRIA DA IGREJA NO SÉCULO XIV
1311 – 1312 – CONCÍLIO DE VIENA
Este concílio, que foi chamado pelo Papa Clemente V, dissolveu a ordem dos cavaleiros Templários, que haviam sido criada após a primeira cruzada com a intenção de proteger a cidade Santa. Também tentou, sem sucesso, criar novas Cruzadas e condenou os Beguinos e os Begardos.
1378 – 1417 – GRANDE CISMA DA IGREJA ROMANA
Por muitos anos os franceses haviam dominado o papado, tanto que os papas estavam morando na cidade francesa de Avinhão. Este período foi chamado alegoricamente de “Cativeiro Babilônico da Igreja”, porém o papa Gregório XI decidiu mudar-se para Roma. Porém em 1378 Gregório falece e com isto arma-se todo o cenário para o cisma, pois Urbano VI, que foi escolhido como novo papa acaba alienado os cardeais franceses.
Indignados com esta decisão do papa, os cardeais franceses decidem escolher um outro papa, que ao seu ver seria legítimo. Este comandaria a Igreja de Avinhão, enquanto o outro estava em Roma. O papa de Avinhão chamou-se Clemente VII, que após lutar três anos em Roma contra os apoiadores de Urbano, mudou-se para a cidade francesa. Ambos consideravam-se os únicos líderes da Igreja.
Em 1389 Urbano morre, e Roma escolhe Bonifácio IX como novo papa. E em 1394 Clemente morre e Avinhão escolhe Benedito XIII como novo papa. Após a morte de Bonifácio IX Roma passou pelas mãos de Inocêncio VII (1404-1406) e de Gregório XII.
No ano de 1409 ocorreu um concílio em Pisa, onde a Igreja elegeu Alexandre V como novo papa, depondo tanto Benedito XIII como Gregório XII, porém ambos, apoiados por um grupo de cardeais que os apoiavam, recusaram-se a abandonar o “trono de São Pedro”. Assim, a Igreja Católica passou a ter três papas paralelos.
Esta confusão apenas teve seu fim em 1417, quando o concílio de Constança novamente depôs o papa de Roma e o de Avinhão, bem como o outro, elegendo no lugar dos três um novo: Martinho V.
1321 – MORRE DANTE ALIGHERI, ESCRITOR DA OBRA “DIVINA COMÉDIA”
Dante nasceu na cidade de Florença em 1255 e morreu em Ravena em 1321. Além de desenhar e cantar, foi um grande poeta. Quando foi jovem participou de algumas batalhas entre grupos locais inimigos, como resultado foi desterrado de Florença, cidade na qual nunca mais pisou.
Em sua obra “Comédia”, que a posteriore chamaram de “Divina Comédia”, todo o material humano e imaginário da juventude de Dante foi eternizado. A obra tronou-se um clássico da literatura italiana e mundial, tanto por sua poesia, quanto por seu significado. Pois nela, Dante consegue expressar perfeitamente o embaraçado e confuso imaginário religioso popular da Europa no final da Idade Média.
Sobre esta obra, Cito Curtis:
“A obra A divina Comédia, de Dante Alighieri, é um longo poema alegóri¬co dividido em três partes: 0 "Infér¬no" acompanha Dante em sua jorna¬da através de nove círculos concêntri¬cos no abismo do inferno, na qual ele é guiado pelo poeta romano Virgélio; o "Purgatório" descreve a jornada de¬les por uma montanha de nove cama¬das na qual as almas salvas trabalham com o objetivo de limpar seus peca¬dos antes de poderem entrar no para¬iso. A parte final, o "Paraíso” trata de sua jornada com Beatriz - a mu¬Iher que idolatrou por toda vida - e Bernardo de Claraval através dos nove círculos concêntricos do céu, onde ele encontra os santos de Deus.
Em termos teológicos, o poema é perfeitamente ortodoxo, embora Dante retrate o papa como alguém que tem poder sobre o inferno. Essa obra tam¬bem reflete claramente as crenças de sua época. Aqui, de maneira concreta, podemos ver uma amostra das crenças medievais. “
1330 –1384 – JOÃO WICLIFFE: A ESTRELA D’ALVA DA REFORMA
João nasceu no condado de Yorkshire, Grã Bretanha. Em 1372 tornou-se doutor em Teologia por Oxford. Em 1375 escreveu “On Divine Dominion” e em 1376 “On civil dominion”, nestas obras Wifliffe declarava que todos somos “inquilinos” de Deus, e que todo o poder e domínio pertencia a Ele, que por hora o cedia a alguns homens, hora justos, hora injustos. Porém afirmava que aos injustos não deveria pertencer o poder, seja civil, seja eclesiástico.
Em seus ensinos dizia que os clérigos que estivessem em pecado deveriam perder seus direitos e propriedades. Estas afirmações irritavam Roma, que expediu várias bulas papais em 1377 ordenando o silenciar destes ensinamentos. Como resposta, Wicliffe aprofundou suas críticas à organização e aos ensinos da Igreja Romana. Abaixo os principais ensinamentos de João:
• Rejeição aos dogmas centrais da catolicismo que não estivessem explícitos na Bíblia, pois para ele, ela deveria ser a base de todo ensinamento;
• Condenou a idéia da transubstanciação;
• Negou o poder sacramental do sacerdócio, afirmando que cada homem possui direitos e deve ter relações diretas com Deus;
• Negou a eficácia da missa, afirmando que a estrutura sacramental da igreja impedia a verdadeira adoração;
• Negou a Confissão auricular e a Veneração de Imagens;
• Negou o purgatório e o celibato clerical;
• Iniciou, ainda em vida, uma tradução da Bíblia para o inglês, que foi concluída por seus discípulos após a morte;
Em 1381 ocorreu na Inglaterra uma revolta dos camponeses. A Igreja Romana, afim de achar erro em João, acusou-o de contribuir para a revolta. Em 1382 foi morar em sua paróquia, em Lutter Worth, onde morreu em 1384.
Os seguidores de Wicliffe foram chamados Lollardos. Por levar esta mensagem foram perseguidos e praticamente todos exterminados até o século XV. Porém, influenciaram João Huss, e através dos Hussitas sua mensagem prevaleceu. Por Isso Wicliffe é considerado o precursor da Reforma.
1372 – 1415 – JOÃO HUSS O PRECURSOR DA REFORMA
Nascido na Boêmia, em Husinec, em 1398 fez voto de sacerdócio e passou a lecionar na Universidade de Praga. Sofreu influência de Wicliffe, pois suas idéias chegavam a esta região, também conheceu outros reformadores Tchecos da época, como Matheus de Janov.
Cito Curtis:
Passou a pregar na capela de Belém, em Praga, em 1402. Em 1407 identificou-se e comprometeu-se com as idéias reformadoras, passando a prega-las. Entre as idéias que ele pregava estavam:
• Contra a imoralidade e a luxúria no Clero;
• Contra a veneração do papa;
• Por uma fé fortemente cristocêntrica, valorizando a responsabilidade direta do homem diante de Deus;
• Apenas Cristo poderia perdoar pecados e que um dia Deus julgará o mundo todo;
• A importância do pão e do vinho na ceia;
• A importância da palavra de Deus para a transformação do homem;
• Incentivou a tradução da Bíblia para as línguas populares;
Em 1412 teve que deixar a cidade, devido à perseguição, mudando-se para a Boêmia. Em 1414 Huss foi convidado para o concílio de Constança, com uma promessa de “salvo-conduto”, Porém, lá ele foi preso e julgado por heresia. Quando questionado sobre a veracidade das acusações, disse que apenas se retrataria se provassem nas escrituras os seus erros (assim como Lutero faria posteriormente). Huss, porém, foi condenado e queimado à estaca em 6 de julho de 1415.
Cito Elwell:
“Como teólogo, Huss ajudou a restaurar uma visão bíblica da igreja, uma visão que se concentrava nos ensinos de Cristo e no Seu exemplo de pureza. Alem disso, sua ênfase na pregação e no sacerdócio universal dos crentes vieram a ser marcas distintivas da Reforma protestante posterior. Incentivou, também,o cântico de hinos congregacionais, sendo que ele mesmo escreveu muitos deles. Para os tchecos, Huss não foi apenas um líder espiritual como também um ponto central de inspiração nacional nos séculos posteriores a sua morte.”
Os seus discípulos foram chamados Hussitas, depois conhecidos como “Unitas Fratruim”, ou Irmãos Boêmios. A Igreja Romana empreendeu 5 cruzadas contra eles. Em 1431-1449 o Concílio de Basiléia firmou acordo com os Hussitas.
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