A história da multiplicação do azeite da viúva nos ensina várias lições. Mais uma vez somos desafiados não apenas a conhecer os fatos bíblicos, mas a crer e experienciar os mesmos em nossa vida, em nossa abençoada família, em nossa própria casa.
A LIÇÃO DAS DÍVIDAS (2 Rs 4:1-2)
Não temos informações sobre a causa do endividamento do marido daquela mulher. Uma possibilidade seria a grande crise econômica que assolara a nação. O que sabemos é que a dívida custaria a entrega dos seus dois filhos ao credor. Não sabemos também se aquela mulher tinha conhecimento da dívida contraída pelo marido antes de sua morte e da cobrança lhe feita. Nos dias atuais há muitas mulheres que desconhecem a situação financeira do seu marido, não sabendo quanto ganham, nem quanto devem. Há outras mulheres que não apenas conhecem, mas também cooperam para o endividamento do marido com gastos desnecessários e exorbitantes. O que sabemos nesta narrativa bíblica é que o marido daquela mulher viúva era temente a Deus. Era um homem temente a Deus e endividado.
São várias as causas das dívidas nos dias atuais, dentre as quais: A falta de planejamento e orçamento familiar, o consumismo desenfreado, a tentativa de viver num padrão acima da realidade, crise econômica e desemprego. Dave Anderson, em sua obra A Fé nos Negócios, na página 149, faz a seguinte observação:
Ao avaliarmos as crises financeiras que viram o mundo de pernas para o ar de tempos em tempos, vemos que elas normalmente são causadas por dívidas. As pessoas compram casas maiores e carros melhores do que poderiam e, depois, descobrem que não têm como arcar com os pagamentos ou com as taxas de juros cada vez mais altas. Essas questões tomam vulto e criam um efeito dominó na economia que faz os bancos fecharem, empresas declararem falência ou demitirem funcionários e o governo lançar mão de pacotes que geram ainda mais dívidas e déficits. Portanto, é possível cogitar que a dívida pode ser a causa da falta de moradia, do crédito arruinado, dos divórcios, das famílias desfeitas e dos suicídios.
A lição que a Bíblia nos ensina sobre a dívida é que ela pode ser resultado da desobediência a Deus (Dt 28:15, 44). Somos exortados a não dever nada a ninguém, a não ser o amor (Rm 13.8).
Algumas perguntas poderiam ser feitas a nós mesmos: Se morrêssemos hoje deixaríamos nossa família em dificuldades? Os credores apareceriam para cobrar o nosso cônjuge ou familiares? A dívida teria como ser paga?
A LIÇÃO DA HUMILDADE E DA FÉ (2 Rs 4:3-4)
Para não revelar nossas situações precárias de endividamento, da falta de suprimentos que disso resulta, deixamos muitas vezes de pedir ajuda aos pastores, irmãos em cristo, familiares, parentes, amigos e vizinhos. Fechamo-nos em nosso orgulho, e na necessidade de mantermos as aparências.
A mulher que herdou a dívida do marido começa demonstrando a sua humildade quando clama ao profeta pedindo-lhe socorro. A ordem do profeta foi “Vai, pede para ti vasos emprestados aos teus vizinhos, vasos vazios, não poucos.” Haverá situações onde o milagre somente acontecerá em nossa casa com a demonstração de humildade de nossa parte, a humildade que não se envergonha de pedir ajuda.
A lição da humildade inclui também a disposição em obedecer ao profeta, que foi claro e direto. A obediência ao profeta é um ato de fé, e a fé é a certeza de coisas que se esperam (Hb 11:1a).
A LIÇÃO DA SOLIDARIEDADE (2 Rs 4:3)
A lição da solidariedade quem nos ensina são os vizinhos daquela mulher, que bondosamente lhe emprestam os vasos. Podemos deduzir com isso que aquela família e mulher se relacionavam bem com a vizinhança. Infelizmente há crentes que além do mau testemunho que dão, ainda são péssimos vizinhos. Existem crentes arrogantes (e/ou mal educados), que nem bom dia dão aos vizinhos. Alguns chegam a ser insuportáveis, chatos e inconvenientes. É necessário que nos relacionemos bem com os nossos vizinhos, pois além do bom testemunho que devemos dar, um dia poderemos precisar da solidariedade deles.
A LIÇÃO DO TRABALHO E DA COOPERAÇÃO (2 Rs 4:5)
O milagre foi precedido e acompanhado pelo trabalho da mulher em encher os vasos com o azeite. O milagre exige por vezes atitude, determinação e disposição de nossa parte. Tal verdade pode ser testemunhada em outros milagres narrados na Bíblia, onde foi necessária uma ação humana antes de suas realizações (Js 6:1-5; 2 Rs 5:9-14; Jo 2:7-11; Jo 9:6-7; Jo 11:39-44).
A lição da cooperação quem nos dá são os filhos da mulher, que lhe traziam os vasos para serem cheios de azeite. Todos na família devem cooperar para o bem comum, para a superação das dificuldades. Batalhemos por uma maior união e cooperação da família em meio às crises e calamidades. A unidade na família coopera para que milagres aconteçam.
A LIÇÃO DO MILAGRE (2 Rs 4:6)
Há situações das quais não sairemos, a não ser que Deus trabalhe em nosso favor, e que em graça e soberania intervenha com um milagre. O milagre de Deus beneficia os necessitados e glorifica o seu nome.
O milagre de Deus não deve servir para promover igrejas, pastores, pregadores ou quem quer que seja. O milagre não deve ser utilizado como meio de exploração daquele que o recebe, como se fosse preciso “pagar” pelo mesmo com ofertas in-voluntárias, e sob ameaças de maldições. Quem mercantiliza milagres, quem negocia com os dons de Deus, a seu tempo colherá os frutos de sua iniquidade (Mt 7:21-23).
A LIÇÃO DA PROVISÃO ABUNDANTE (2 Rs 4:7)
O Senhor cuida de seus filhos, e garante o suprimento de suas necessidades básicas através de todos os meios e recursos que dispõe:
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (Mt 6:31-34)
Na vida daquela mulher e naquela casa, Deus fez mais do que se pedia ou se pensava (Ef 3:20). Ele não apenas proveu as condições necessárias para a quitação da dívida, mas também para a subsistência daquela família.
O pão nosso de cada dia ele provê diariamente (Mt 6:11).
O Pai celestial cuida de mim e de você. Ele nos ama.