Cristianismo
Subsídio para EBD - O ministério de evangelista
O evangelista é uma pessoa que tem um dom especial do Espírito Santo para anunciar as boas novas do Evangelho. A mesma palavra grega que é traduzida como “evangelho”, “pregação”, e outras palavras “evangelísticas” no Novo Testamento, é usada mais de sessenta vezes apenas nas cartas de Paulo. A sua forma verbal, que significa “anunciar as boas novas”, ocorre mais de cinqüenta vezes. A palavra grega traduzida como “evangelista” significa “aquele que anuncia as boas novas”.
A palavra “evangelista” era aparentemente rara no mundo antigo, mas é usada três vezes no Novo Testamento. Ela é relacionada como um dos dons que Deus deu à Igreja, em Efésios 4:11. Filipe é chamado de evangelista em Atos 21:8, e Timóteo é encarregado por Paulo de “fazer o trabalho de um evangelista”, II Timóteo 4:5.
Dois exemplos bíblicos – Filipe e Timóteo – ilustram o trabalho de evangelista. Lemos a respeito de Filipe que “os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo”, (Atos 8:12). Paulo disse acerca de Timóteo que ele era “nosso irmão e ministro de Deus no evangelho de Cristo”, (I Tesssalonicenses 3:2). Evangelista, portanto, é a pessoa que proclama o Evangelho aos que não o aceitaram ainda, com o alvo de levar as boas novas a eles.
A melhor descrição de um evangelista em ação no Novo Testamento é a de Filipe. Por três vezes ele é mencionado em Atos dos Apóstolos, e cada uma destas menções expressa o que precisamos entender como tarefa de um evangelista:
1 - O evangelista precisa ser um obreiro na igreja (Atos 6:1-7). Filipe foi um dos primeiros 7 diáconos escolhidos quando surgiu um problema na igreja, envolvendo o cuidado com as viúvas dos judeus helenistas convertidos. É descrito como “homem cheio de fé e do Espírito Santo”, At. 6:5. Tanto quanto sabemos, ele não era um apóstolo ou ministro ordenado, mas tinha o dom de evangelista.
A coisa importante, todavia, é que ele tinha uma igreja base. Parte da crítica justificada contra os evangelistas é que muitas vezes eles não tem igreja, e pouca ciência do coração de um pastor, ou de como funciona uma comunidade local. Isso é mau para o evangelista e também para a igreja. Afinal de contas, uma das tarefas do evangelista é equipar “os santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:12). Infelizmente o que se vê hoje em dia no meio evangélico são evangelistas, pastores e cantores que se autodenominam como “interdenominacionais”. Na prática, significa que eles não tem igreja, não congregam, não tomam ceia, não estão sob a liderança de nenhum pastor. São independentes.
2 – O evangelista precisa ser um pregador no mundo. Em Atos 8:4-40, mostra Filipe ora fazendo evangelismo em massa na cidade de Samaria com grandes resultados, como também evangelizando pessoalmente o eunuco, oficial etíope. Mas parece que evangelista hoje, principalmente os que dizem que são itinerantes se especializaram em pregar para crentes dentro das igrejas em Congressos. Desta maneira, no livro "A Igreja e as Sete Colunas da Sabedoria", Severino Pedro (1998, p. 90) seu comentário é bastante pertinente:
"Nos dias atuais parece haver muitos avivalistas e poucos evangelistas. Existem Igrejas super-lotadas de pregadores, mas vazias de ganhadores de almas. E, além disso, a verdadeira função do evangelista, é que ele deve ser visto mais fora da Igreja do que dentro dela [me refiro aqui Igreja local]. isto é, que ele não seja somente visto numa função local; mas que sempre avance na direção das almas perdidas sem Cristo; fundando novas Igrejas e comunidades".
***Evangelista: ministério oficial (cargo) ou atividade espiritual extra-oficial?
Há grande confusão feita em torno do ministério de "evangelista". Seria o "evangelista" um oficial da Igreja, ou alguém dotado do "dom espiritual de evangelista", mesmo sem ter um cargo oficial na Igreja?
No "Dicionário Vine" (CPAD, 2003, p. 629-630), o seu entendimento de "função" não fica claro em termos de tratar de "cargo" ou "atividade específica".
Coenen e Brown, no "Dicionário Internacional do Nove Testamento", assim como Vine, Unger e White Jr. no VINE, acham dificuldades em afirmar que "evangelista" era um "ofícial" da igreja, assim como eram os πρεσβύτερος (presbiteros, cf. Atos 20.28; 1 Tm 3.2; 1 Pe 5.1; 2 Jo 1; 3 Jo 1), os ὲπίσκοπος (episkopos ou bispos, cf. At 20.28; Fp 1.1; 1 Tm 3.2; Tt 1.7; 1 Pe 2.25) e os διάκονος (diákonos, cf. 1 Tm 3.8, 12).
Em "Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual", de Ferreira e Myatt (Vida Nova, 2007, p. 932-934), tratando sobre "As formas de governo eclesiástico", tanto no episcopalismo anglicano e metodista (desviado pelo catolicismo e modificados por várias igrejas pentecostais), como no governo presbiterial (característico das igrejas reformadas, como a "presbiteriana") e no governo congregacional (adotado especialmente pelas igrejas batistas), não é citado pelos autores o ofício de "evangelista".
Escrevendo sobre o "Governo da Igreja", o missionário assembleiano Eurico Bergstén, em sua obra "Introdução à Teologia Sistemática" (CPAD, 1999, p. 269-270), define como funções na Igreja: pastor (cf. Ef 4.11), presbítero (cf. Tt 1.5) e diácono (cf. 1 Tm 3). O "evangelista" também não aparece em sua relação. Aqui também não está clara a idéia de "ofício" ou de atividade extra-oficial.
Na Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD, 1995, p. 1815), percebe-se mais uma vez, que a idéia de "ofícial da igreja" não fica clara, antes, são utilizados os termos "ministério de evangelista" (que necessariamente não implica em função oficial) e "dom espiritual de evangelista", onde neste sentido, Filipe, o "oficial" diácono, poderia ter o dom espiritual de evangelista.
Como vimos nas análises exegéticas e conceitos acima, não há consenso ou firmeza em declarar que o "evangelista" era um "oficial" da igreja. O cargo (oficial) não existe não grande maioria das denominações evangélicas, e, quando existe, como no caso das Assembleias de Deus, uma grande confusão é feita em torno do mesmo. Por exemplo:
a) O evangelista, na grande maioria dos casos, é um cargo conferido a alguém desprovido das características bíblicas aqui afirmadas (amor pelas almas, habilidade para pregar o Evangelho; sinais sobrenaturais no seu ministério, poder em sua mensagem etc.). Ou seja, o cargo de evangelista é "dado" a quem não tem o dom, enquanto muitos que tem o "dom espiritual de evangelista" nem oficiais da igreja são, ou, ocupam as funções de auxiliares, diáconos e presbíteros;
b) O cargo de evangelista ocupa uma posição hierárquica abaixo do pastor, o que não se sustenta exegeticamente. Esta hierarquia consiste numa "escadinha" na seguinte ordem: auxiliar ou cooperador local, diácono, presbítero, evangelista e pastor (e agora, em algumas convenções, "bispo"). Em razão disto, muitos evangelistas preferem (ou são chamados), pelas mais diversas razões, o título de "pastor". Conheço alguns que em seus cartões, em cartazes de eventos e em outras ferramentas de identificação, divulgação ou publicidade, usam a designação de "pastor" em vez de "evangelista";
c) Muitos evangelistas dirigem igrejas, função esta do pastor, deixando dessa forma de fazer o que lhe compete, que é o de pregar o evangelho aos perdidos. Acabam sendo criticados, e por vezes até hostilizados pela própria igreja e companheiros de ministério.
Conclusão:
A igreja cristã tem sido abençoada por vidas de homens e mulheres que durante sua existência tem servido à Cristo como verdadeiros evangelistas, anunciando o Evangelho no mundo todo. Há nomes conhecidos na História como: Whitefield, Wesley, Finney, Moody, Billy Graham, Luis Palau, Bernard Jonhson e tantos outros célebres evangelistas. Mas também há muitos e muitos cristãos anônimos cujos nomes não estão nos livros biográficos ou históricos das editoras, mas estão gravados como “heróis da fé”, diante de Deus.
Referências:
DOUGLAS, J.D. - O evangelista e o mundo atual- Edições Vida Nova. São Paulo, 1986, 1ª edição, pgs. 3,97.
***GERMANO, Altair (blog) - http://www.altairgermano.net/2009/09/o-ministerio-de-evangelista-numa.html
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