Cristianismo
Subsídio para EBD - O julgamento e a soberania pertencem a Deus
O texto que serve de base para esta lição ressalta quatro assuntos: 1) a questão do julgar o próximo (v. 11,12); 2) a brevidade da vida (v. 13,14); a soberania divina com relação aos caminhos humanos (v. 15); 4) a arrogância relacionada com o pecado da omissão (v. 16,17).
O perigo de colocar-se como juiz (Tg 4.11,12)
Não devemos tomar uma posição simplista na questão de julgar o próximo ou o irmão da igreja. Tiago é incisivo no mandamento de não julgar, mas não podemos nos esquecer de que a igreja tem de preservar a sua integridade moral e não pode fazer isso sem analisar o problema, identificar o erro e advertir ou mesmo punir o culpado. Todas as etapas de um julgamento estão aí. Leia atentamente o capítulo 5 de 1Coríntios e verá todo o processo, como deve ocorrer, descrito por Paulo. A igreja tem aobrigação de julgar e disciplinar os seus membros quando há motivo para isso. Veja que o próprio Tiago aconselha, mais adiante: “Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados” (5.20).
Mas quando não se deve julgar? Penso que Tiago se refere aos casos em que reprovamos a atitude de alguém apenas com base nas aparências (João 7.24) ou apoiados em boatos — sem provas, digamos assim. Erramos ao condenar alguém sem conhecermos a real situação e “falamos mal” quando levamos o assunto adiante sem a certeza de que um erro foi cometido.
Duas observações. 1) Quando Jesus diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1 etc.), ele provavelmente está citando uma lei da vida, não uma advertência, como no caso de Tiago. São situações distintas. 2) Em Mateus 18.15-20, é quase certo que Jesus não está se referindo à igreja cristã, especificamente, porque ela ainda não existia. Barclay chega a dizer que esse texto foi acrescentado posteriormente. Sem querer medir forças com esse grande erudito, prefiro pensar que seja um conselho genérico a qualquer grupo que se reúna com um propósito comum.
A brevidade da vida e o reconhecimento da soberania divina (Tg 4.13-15)
Simon J. Kistemaker comenta:
Não podemos culpar um vendedor viajante por ir de um lugar para outro fazendo negócios. Faz parte de sua vida. Há um certo paralelo com o discurso de Jesus sobre o fim dos tempos, quando se refere aos dias de Noé [Mt 24.38,39; compare com Lc 17.26-29]. Apesar de ninguém culpar uma pessoa por comer, beber e casar-se, a questão é que, na vida dos contemporâneos de Noé, não havia lugar para Deus. Essas pessoas viviam como se Deus não existisse, e o mesmo aplica-se aos negociantes aos quais Tiago se dirige. [...] Se não temos nenhuma ideia daquilo que o futuro próximo nos reserva, então qual é o propósito da vida? O autor de Eclesiastes menciona várias vezes a brevidade da vida e, de modo característico, diz como não faz sentido o homem buscar os bens materiais. Ainda assim, na conclusão de seu livro, ele afirma o propósito da vida: “Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, porque isso é o dever de todo homem” (Ec 12.13). [...] Os mercadores aos quais Tiago se dirige não se preocupavam com o sentido e a duração da vida. Eles negligenciavam o conselho de Salomão: “Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz” (Pv 27.1). Eles falavam sobre o futuro com absoluta certeza. Apesar disso, eles não tinham controle sobre o futuro. Eles tinham sua vida, mas falhavam em não procurar seu propósito. Eles eram cegos e ignorantes.
Os pecados da arrogância e da autossuficiência do ser humano (Tg 4.16,17)
Para ministrar esta seção, desenvolva os comentários de Warren W. Wiersbe (sobre o v. 16) e Fritz Grünzweig (sobre o v. 17), respectivamente:
A jactância do ser humano serve apenas para encobrir sua fraqueza. “O homem propõe, mas Deus dispõe”, disse Thomas à Kempis, mas Salomão expressou a mesma verdade antes dele: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão” (Pv 16.33). O ser humano não é capaz de controlar os acontecimentos futuros. Também não tem sabedoria para ver o que o futuro reserva nem poder para controlar o futuro. Assim, sua jactância é pecado; é fazer-se de Deus.
Faz parte de nos tornarmos obedientes à vontade, ao plano e à sinalização de Deus que não nos deixemos monopolizar e prender tanto pelos nossos próprios planejamentos, inclusive no tocante à jornada diária, que não estejamos mais abertos e livres para as incumbências para as quais Deus nos chama a cada instante. É correto distribuir com cuidado o tempo, mas é importante estar também disposto a se sujeitar a qualquer momento aos planos de Deus e a receber novas incumbências. É necessário que sejamos flexíveis para Deus. Talvez o sacerdote em Lc 10.31 não tenha chegado a ajudar o pobre porque seu tempo já estava preenchido com seu planejamento. Em todos os casos é essa a situação de um grande número de “sacerdotes” que hoje passa ao largo de um ser humano que Deus deita diante dele. Em contraposição, com que disposição Filipe e Pedro se deixaram chamar por seu Senhor, para fora de seus esquemas e em direção de outras tarefas, inclusive quando diziam respeito a apenas poucas pessoas (At 8.26s; 10.20)!
Nota: Deixe o seu comentário, esse retorno é importante para mim. Se quiser compartilhar algo sobre o assunto desta lição, que também ajude os outros professores, fique à vontade.
BIBLIOGRAFIA. Barclay, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. Tradução de Carlos Biagini. [S.l.: s.n.], s.d. * Grünzweig, Fritz. Carta de Tiago. Tradução de Werner Fuchs. Curitiba: Esperança, 2008 (Comentário Esperança). * Kistemaker, Simon. Tiago e epístolas de João. Tradução de Susana Klassen. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. * Wiersbe, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento. Tradução de Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica, 2007, v. 2.
Fonte: http://judsoncanto.wordpress.com/
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