Cristianismo
Subsídio para EBD - Gênesis, o livro da criação divina
No último trimestre de 2015, a revista da CPAD de adultos, traz como tema o livro de Gênesis, o livro das origens. Gênesis é uma palavra grega que significa nascimento, origem. O primeiro livro da Bíblia foi assim chamado proque nele encontramos as narrativas sobre as origens do mundo, da humanidade e do povo de Deus.
"Poderíamos pensar que essas narrativas são história no sentido atual daquilo que um historiador faz. São antes reflexões do povo sobre suas origens e a origem das coisas. Fazendo isso, porém o povo mantém um olho na sua realidade presente e o outro no passado. O que se vê aqui e agora, ele projeta no passado distante até na origem. Seu interesse não é tanto dar uma explicação científica ou histórica sobre o passado, mas contar o passado para explicar a realidade que se vive no presente", (Como ler o livro do Gênesis, Paulus, 2014).
O texto procura apresenta modelos para compreendermos nossa vida e a história que vivemos, realidades que se desenrolam em todo tempo e lugar. Temos a experiência do mal. Mas o que é o mal? Como explicá-lo na sua raiz profunda, não tanto no tempo, mas na sua realidade mais íntima? Para responder a essas perguntas conta-se uma história para fazer ver a raiz do mal (Gn 3).
Basicamente o Gênesis se divide em três partes: G1 11-11 ( O mundo e a humanidade); Gn 12-36 (Raízes do povo de Israel); Gn 37-50 ( Deus age através dos acontecimentos humanos).
A preocupação é a de fazer com que a leitura do texto bíblico leve às mesmas questões que o povo de Deus tinha no tempo em que o Gênesis foi escrito, pois continuam sendo questões importantes também para nós. Conhecer as raízes da humanidade e do povo de Deus é tarefa importante, pois também nós somos seres humanos e também pertencemos ao povo de Deus. Isso nos possibilitará continuar construindo nossa história.
A tradição judaico-cristã atribui a autoria do texto a Moisés entre os anos de 1450 a 1400 A.C, enquanto a crítica literária moderna prefere descreve-lo como compilado de texto de diversas mãos, conforme a hipótese documental.
A hipótese documental, desenvolvida por Julius Wellhausen, também conhecida como Teoria das Fontes, é a teoria segundo a qual os cinco primeiros livros do Antigo Testamento (chamados de Pentateuco) são resultado de uma composição a partir de quatro fontes principais: eloísta, javista, sacerdotal e deuteronomista.
Nesta teoria, os escritos veterotestamentarios, principalmente a Torá são divididos em 4 grupos de fontes:
1) A fonte Javista, que contém relatos de diversas épocas diferentes, sendo original de Judá, no sul do antigo Israel e em geral atribui a Deus o nome de Yahweh – conhecida pela letra J;
2) a fonte Eloísta, que também contém relatos de diversas épocas diferentes, sendo original de Efraim, no norte do Antigo Israel, em geral trata Deus com o nome de Elohim e é identificada pela letra E. Ambas as fontes contém documentos tão antigos quanto o próprio surgimento do hebraico enquanto língua gramaticalmente estruturada, por volta do Séc X AEC, baseando-nos no Calendário de Gezer, o documento arqueológico em língua hebraica mais antigo;
3) A fonte Deuteronomista, que provém dos círculos ligados ao ensino doutrinário, contém longos discursos e princípios reguladores, e está espalhada pelos Nebiim além do Deuteronômio e do restante da Torá. É conhecida pela letra D e usa fontes literárias tanto do norte quanto do sul, principalmente do norte, mas seu fechamento redacional ocorreu no sul por volta do período exílico (entre 597 e 538 AEC).
4) Por fim a fonte Sacerdotal, sempre referenciada com a letra P (do alemão Priester e do inglês Priest), é a fonte dos escritos elaborados pelos membros dos grupos de sacerdotes e que estiveram grandemente envolvidos no processo de compilação tardia ou final dos escritos bíblicos que chamamos de Antigo Testamento ou Tanakh, a Bíblia Hebraica. É uma fonte original do sul de Israel e sua datação é próxima do período pós-exílico (a partir de 445 AEC). O uso das letras que caracterizam cada uma das fontes dá à hipótese documental o “codinome” JEDP. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_documental).
Atualmente a crítica moderna diz que Abraão, Moisés nem existiram, e que não havia a escrita surgiu depois de Moisés. Porém essa argumentação sobre a escrita já não se sustenta mais. Até pouco tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto teria ocorrido pelos séculos 12 ou 11 a.C., sendo esse argumento apresentado para “provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia), visto que em seu tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No entanto, escavações arqueológicas nas ruínas da cidade de Ur, na antiga Caldeia, têm comprovado que ela era uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, os meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.).
No Novo Testamento tanto Jesus como os apóstolos citam Moisés como autor do Pentateuco (a Lei como era chamada), que incluia o Gênesis. Na composição do livro de Gênesis, por conseguinte, Deus providenciou todos os detalhes, para que tivéssemos uma obra inerrante e infalível: alfabeto, língua, gênero literário e estilo. Por exemplo:
O Senhor impediu que os primeiros cinco livros das Escrituras Sagradas fossem escritos nos caracteres egípcios. Se isso tivesse ocorrido, o Pentateuco teria desaparecido já nas décadas seguintes, pois somente a elite cultural egípcia, da qual Moisés fazia parte, era capaz de dominá-los. Além do mais, a escrita ideográfica do Nilo estava fadada a desaparecer. Haja vista que, no período do Novo Testamento, os hieróglifos já haviam sido substituídos, em todo o Egito, pelos alfabetos grego e latino. Dezoito séculos mais tarde, o francês Jean-François Champollion (1790-1832) enfrentaria dificuldades, a fim de resgatar o sentido daqueles signos linguísticos.
Por esse motivo, Deus isolou Moisés por quarenta anos em Midiã, para que o seu servo aprendesse o alfabeto sinaítico. Através dessa invenção maravilhosa, ele teria condições de transmitir às gerações futuras os inícios da História Sagrada Embora não se saiba quem de fato criou a linguagem alfabética, o certo é que ela veio a ser assimilada rapidamente pelos hebreus, fenícios, gregos e latinos. Destes, veio a ser adotada pela maioria das línguas modernas.
Referências:
STORNIOLO, Ivo - Euclides M. Balancin - Como ler o livro do Gênesis, Paulus, 2014.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_documental).
http://www.arqueologia.criacionismo.com.br/
http://www.euvouparaebd.blogspot.com/
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