PORQUE NÃO SOU DISPENSACIONALISTA
Cristianismo

PORQUE NÃO SOU DISPENSACIONALISTA


Em se tratando de estudo sobre escatologia, quando se fala em amilenismo, pré-milenismo, histórico ou dispensacionalista e pós-milenismo, o que eu sei é que não sou “dispensacionalista”, pela simples convicção essencial acerca da total impossibilidade humana de criar um roteiro para a volta de Cristo. Assim, eu digo: não sei nada sobre o roteiro da volta de Jesus. Mas sei que ELE VAI VOLTAR! Quero, todavia, deixar claro que creio que Jesus pode voltar Hoje. Tudo o que diz respeito a Deus acontece num dia Chamado Hoje. É como um ladrão de noite!

Apesar de muitos considerarem que o dispensacionalismo os ajudou a entender o intricado mapa escatológico da Bíblia. Me lembro de ler o livro de Lawrence Olson, “O plano divino através dos séculos”, juntamente com aquele famoso mapa, do gênese ao apocalipse. Segundo o Conciso Dicionário de Teologia Cristã, "dispensacionalismo é um sistema de interpretação bíblica e teológica que divide a ação de Deus na história em diferentes períodos que são por ele administrados em bases diferentes. Envolve uma interpretação literal da Escritura, uma distinção entre Israel e a Igreja e um a escatologia pré-milenista e pré-tribulacionista".
Essa definição acima já não responde a algumas das divisões que o Dispensacionalismo tem sofrido. Hoje há o conceito de “Dispensacionalismo Progressivo”, com revisão dos conceitos clássicos da divisão dispensacionalista entre Israel e a Igreja e a divisão há história em dispensações. Outra corrente é a do “ultra-dispensacionalismo”, visão literalista das Escrituras, onde quer achar respostas proféticas na Bíblia para todos os fenômenos que acontecem no mundo, uma espécie de “Cabala Gospel”.
Acredito que é preciso rever biblicamente essa dicotomia Israel X Igreja, embora creio que Israel ainda tem um papel escatológico. Dividir a história em dispensações é algo sem respaldo bíblico, sendo muita simplificação para tratar a revelação de Deus aos homens.
É possível ser milenista sem ser dispensacionalista, como é o caso do Dr. Russel Shedd. Nem todos teólogos pentecostais, são dispensacionalistas, por exemplo Stanley M. Horton.

A nossa espiritualidade é sadia, se ela faz da história, uma só história. Isso porque nós conseguimos esquizofrenizar a história. Temos a história religiosa, a história da igreja; temos a historia da salvação e assim por diante. E nessa “policotomia” histórica, fazemos eleição daquela que mais nos interessa. Se o indivíduo é extremamente individualista, ele diz: “A mim só importa a história da salvação”. Pode, então, o mundo estar se arrebentando; ele quer é fazer estatística de quantos estão levantando a mão. Se ele faz uma opção um pouquinho mais abrangente, ele estuda a história da igreja. São aqueles que dizem: “Só me interessa a história da igreja. Inclusive, acho interessante termos deputados federais evangélicos no Congresso Nacional, para defender as causas de liberdade religiosa”. Nesse caso o que a ele interessa, é o que a Igreja interessa. Não importam os miseráveis, a desgraça dos outros – “isso faz parte de uma história que não é nossa, a nossa é a da igreja”, chegam a dizer. Se ele tem uma visão um pouquinho mais ampla, ele se interessa pela história das religiões. Aí, ele já é considerado um teólogo liberal, de visão ecumênica.

Mas, se ele é um cristão que vive uma espiritualidade integral, ele não “dispensacionaliza” a história, não a secciona, não a “dicotomiza”, “tricotomiza” e “policotomiza”. Conserva-se uma só história. Veja a passagem bíblica da transfiguração de Jesus em Mateus 17. Não há lugar para o dispensacionalismo, nem para o seccionamento da história: a Lei está presente, e falando da cruz. Não é lá que Moisés está? A profecia está presente e falando da cruz. Não é lá que Elias está? A Igreja está presente, e ouvindo a mensagem da cruz, através de Pedro, Tiago e João, que estão lá.

Onde é que há dispensacionalismo aqui? Onde é que acaba a lei, começa a profecia, começa a igreja – Agora ficar naquela conversa de “Deus não fala com estes, não pode falar com aqueles, não se mistura com aqueles outros...” O que é isso? A história é uma só! Deus não divide seus projetos em fases, departamentalísticamente falando, absolutamente fechadas e setorizadas. Deus é o Deus da totalidade. E importa a ele toda a história. Ele não se importa apenas com Israel, em um certo momento, ou não se importa em outro, apenas com a igreja. Deus é o Deus da História.

Israel só é diferente do Brasil, como nação, no que se refere ao conselho total de Deus para a História. “A eles foram confiados os oráculos divinos”, referindo aos judeus, diz Romanos 3. Mas diante de Deus, o judeu é igual ao queniano. A pregação pela fé é primeiro para o judeu e depois para o grego, se creram. Mas o capítulo 2, verso nove, de Romanos, diz: “também tribulação e angústia e aflição vêm sobre a alma de todo homem; primeiro do judeu, depois do grego”. Homem é homem, em qualquer lugar. País é país, em qualquer lugar.

Amós, no capítulo 9, verso 7, diz que não foi apenas Israel que teve um êxodo patrocinado por Deus; que os filisteus tiveram o êxodo deles; que os etíopes tiveram o êxodo deles. O profeta pergunta: “Vocês estão cheios de jactância, pensando que o único ato libertário social de Deus na História foi a favor de vocês?” Não, Deus não está preso e circunscrito às fronteiras de Israel; Deus é Deus, libertador da História. Até os filisteus tiveram êxodo; tantos outros tiveram um êxodo; e foram êxodo; e foram êxodos que o Senhor promoveu, que o Senhor criou.

Aqui, na transformação, a história é uma só. Os dispensacionalismos e os seccionamentos acabam. Moisés, Elias, Pedro, Tiago e João; Lei, profecia e igreja; estão todos juntos, apontando em uma só direção: a cruz e a salvação de Deus para todos os povos, para todas as nações, para todas as línguas da terra.



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