Pastores políticos. O que você acha?
Cristianismo

Pastores políticos. O que você acha?


O jornal Estado de São Paulo, trouxe durante recentemente algumas matérias relacionados a postura de algumas igrejas nessas eleições. Um Tempo da igreja Universal virou comitê de um candidato a prefeito em São Paulo. a Assembleia de Deus Ministério Santo Amaro, braço independente de convenções nacionais, estabeleceu uma meta clara aos seus pastores: ganhar 100 votos para o candidato o mesmo candidato apoiado pela Universal.

Sei que a postura dessas duas igrejas não é um fato isolado no país, infelizmente. Pelo Brasil afora, os exemplos são vários envolvendo diversas denominações evangélicas. Pensando sobre o uso escandaloso das igrejas na política, me lembrei de um texto escrito em 08 de julho de 2004, portanto há 8 anos atrás, mas nem por isso, deixa de ser tão atual no momento em que vivimos. Nele há sérias denúncias de coisas que já estavam acontecendo nos bastidores da política eclesiástica brasileira. Uma pessoa faz uma pergunta e o Pr. Caio Fábio responde em seu site. O Caio se envolve em algumas polêmicas de vez em quando, mas não dá para discordar dele nesse tema. Leia o texto abaixo e reflita:

Pergunta:

Estamos nos aproximando de mais um ano de eleições, e como é de se esperar, vários Pastores se candidatam a cargos políticos. Na Igreja onde congrego, estão lançando um Pastor como candidato para um cargo político. O que o senhor acha de Pastores ocuparem cargos Políticos?

O Pastor como sacerdote pode se submeter a concorrer cargos políticos? Porque na maioria dos casos ou em todos eles somente os Pastores podem se candidatar e não uma pessoa de confiança deles? (algum membro ou obreiro) Creio que precisamos de pessoas comprometidas com Deus para serem luz, sal no governo, mas somente Pastores? Porque somente eles? Que Deus continue abençoando o Senhor ricamente em nome de Jesus.

Resposta:

Meu amigo e irmão: Jesus Reina! O reino de Deus não é deste mundo e não está entre nós com visível aparência, visto que está em nós. Faz anos que tenho deixado a minha posição clara e pública a respeito do assunto.

Inicialmente gostaria de dizer que o pastor não é um sacerdote como a palavra era entendida no Velho Testamento—e que atualmente, por ignorância do povo, e má intenção de muitos pastores, está sendo ressuscitada, contra a Palavra e seu ensino—, mas apenas um sacerdote como qualquer outro irmão em Cristo.

O que passar disso é falácia, é o velho catolicismo seduzindo a consciência reformada para a adesão à velha ordem, é que no caso dos pastores é mais que conveniente, pois lhes dá poder autoritativo, e, portanto, manipulador, como a gente vê acontecendo em quase todos os lugares.

Em segundo lugar eu quero dizer que a "igreja" já perdeu há muito sequer a desculpa de que "nós precisamos da presença-sal e da presença-luz da igreja no cenário político". Dizer isso, hoje, só se for para produzir gargalhada. Esse era o discurso nas décadas de sessenta e setenta. De lá pra cá já vimos o que os evangélicos podem fazer na política, e o que temos visto é feio, é muito feio, é horrível mesmo.

Portanto, não dá nem mais para se ter o auto-engano de que a presença evangélica em qualquer coisa possa significar um salto de qualidade. A terceira coisa que quero dizer é que se o sal evangélico tivesse sabor, o melhor lugar para senti-lo seria na própria comunhão da igreja, onde, de fato, o gosto não é de sal, mas de absinto; e a luz não é nada além de luz negra. Ao contrário, na maioria dos casos, os evangélicos já provaram que são tão ou mais corrompidos que os demais, sem falar que em geral são uns malandros burros, oportunistas, despachantes de pequenos interesses, moralistas, e sem qualquer qualidade ética e de consciência.

No atual quadro político não nos faltam evangélicos em todas as instancias do poder, e a presença deles nada significou além de vergonha, despreparo, ufania, e incapacidade de se enxergarem e oferecerem um mínimo de lucidez a qualquer coisa.

Portanto, respondendo a sua pergunta, eu digo o seguinte:

1. Nenhum pastor deve se candidatar como pastor, e muito menos em nome de Deus. Quem desejar pleitear um cargo desses, deve fazê-lo em nome de sua própria consciência como indivíduo, e nunca em nome da igreja e muito menos em nome de Deus. Fazer isto é ideologizar a Deus e a igreja, e o fim é sempre blasfemo e corrompido.

2. A maioria dos pastores que se candidatam acabam sendo apenas aqueles oportunistas que concluíram que a igreja é o melhor curral eleitoral que pode existir. São uns lobos explorando a ingenuidade do rebanho.

3. Se eu tiver que atribuir responsabilidade ao presente momento de corrupção da igreja, eu diria que 30% vem do envolvimento da igreja com a mais sórdida forma de fazer política—tem pastor mandando matar irmão para ficar com o cargo; e não são apenas dois casos; mas vários—, usando e abusando do nome de Deus de modo nauseante e asqueroso.

Além disso, eu atribuo mais uns 40% da presente caotização da fé às igrejas neo-pentecostais, e que são casas de comercio da fé, e verdadeiros covis de salteadores, exploradores, e lobos vestidos de pele de ovelha. O que eles querem é poder, e seu espírito é pior do que o do incrédulo.

E o que sobra de responsabilidade, tenha certeza, ponha na conta dos apóstolos da maldição hereditária, da confissão positiva, da neuro-lingüistica cristã, da teologia da prosperidade, na ênfase ao crescimento numérico à qualquer preço, e ao espírito de marketing e empresariado que entrou na igreja e lhe corrompeu a alma.

4. Para eu votar num crente, apenas se ele não se apresentar como crente, mas apenas como um cidadão, e isto vai depender das boas idéias e da capacidade dele (a) mostrar coerência como parte de sua decisão de ingressar na carreira política. Portanto, não sou contra cristãos na política, porém sou veementemente contrário à utilização da igreja para essa finalidade.

5. Hoje tudo não passa de um grande nojo. Se Jesus entrasse nessas igrejas o faria com azorrague e de lá expulsaria esses cambistas da corrupção.

Fonte: www.caiofabio.net/




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