Morreu na noite desse sábado o missionário David Martins Miranda vítima de um infarto aos 79 anos. Miranda fundou em 1962 na cidade de São Paulo (SP) e dirigiu até a presente data a Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA). Desejamos que Deus console a família e a membresia dessa igreja que neste momento está enlutada. A morte de alguém sempre deve contar com a nossa postura reverente.
Mas quem foi David Miranda? A histografia de Miranda é obscura. Não há grandes detalhes sobre a trajetória evangélica dele antes do surgimento dessa denominação. Isso é fruto da falta de historiadores oficiais e, também, pelo pouco interesse da academia com a formação da IPDA. [Há, pelo meu conhecimento, apenas uma dissertação de mestrado que trabalha a IPDA como objeto de estudo.] O que se sabe é pela breve autobiografia de Miranda onde Deus teria revelado o nome “Deus é Amor” como àquela igreja que ele deveria congregar diante do “mundanismo” das demais denominações protestantes.
A IPDA e a história de David Miranda se confundem. É uma denominação personalista. Nessas cinco décadas o nome de Miranda foi onipresente como referência doutrinária e de liderança na IPDA. Miranda era um líder carismático, no sentido sociológico do termo, e ao mesmo tempo sectário. Ele foi um homem do rádio, onde sempre teve considerável audiência, um grande comunicador de massas e pregava sob a proteção de um vidro à prova de balas. E, como todo sectário, era uma liderança marcada pelo autoritarismo. E a forma como esse autoritarismo estava presente se deu pelo forte legalismo dos usos e costumes. A IPDA nunca contou com conselhos, concílios ou debates sobre suas doutrinas e diretrizes. É a expressão da imagem e semelhança de David Miranda. Não há qualquer sinal de democracia institucional.
O controle da denominação é familiar. E até hoje a única cisão significativa sofrida veio do berço da própria família Miranda através de uma de suas filhas e um ex-genro. Hoje a própria esposa de Miranda exerce a função pomposa de “conselheira mundial” da IPDA e Débora Miranda exerce a liderança da igreja de maneira não oficial. E, claro, o filho David Miranda Jr. é outra liderança importante.
Controvérsias. Em 2000, um contador e presbítero da IPDA acusou David Miranda de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Na época ele chegou a ser indiciado pela Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR). Em 1985, Miranda, sua filha e mulher foram denunciados à justiça de Porto Alegre por curanderismo, estelionato e exploração de credibilidade. E em 1976, também, ele foi indiciado pela morte de 21 pessoas após a queda de uma laje na inauguração de um templo da IPDA em Neves, São Gonçalo (RJ). Na época os jornais indicavam que Miranda fugiu do local no momento da tragédia. De todos os indiciamentos ele acabou absolvido.
David Miranda ficou conhecido pelo ministério de cura. É famosa a foto onde ele fazia propaganda de várias muletas e cadeiras de rodas de pessoas supostamente curadas nas reuniões da igreja. Muitas doenças que eram testemunhadas como curadas nos cultos da sede mundial estavam relacionadas aos “pecados do mundanismo”, segundo o David Miranda. Era comum uma pessoa testemunhar que foi curada (ou liberta) porque passou a obedecer o Regulamento Interno e deixou outra denominação “mundana”, especialmente as Assembleias de Deus. Miranda também costumava usar conversas que ele tinha com demônios e até com o próprio diabo para embasar suas proibições e, também, em supostas revelações divinas. Aliás, o artifício do medo era uma constante na sua pregação, pois David Miranda dizia manter revelações constantes do divino e conversas de confronto com o diabo.
Como será o futuro dessa grande denominação (neo)pentecostal? Como igreja personalista há apenas três caminhos: a decadência, a divisão ou a mudança radical (não importa para qual direção). Tudo indica que não continuará como está no médio e longo prazo. O meu desejo é que a liderança da Igreja Pentecostal Deus é Amor encontre o caminho do Evangelho, deixe para trás o legalismo farisaico, e chegue perto dos conceitos bíblicos a partir de uma leitura atenta das Escrituras. O legalismo, como sempre digo, não é um problema menor ou uma heresia sem importância. Todo legalista nega a cruz de Cristo. Não há pecado mais leviano. Que Deus abençoe a igreja de Deus que está entre a membresia da IPDA.
O controle da denominação é familiar. E até hoje a única cisão significativa sofrida veio do berço da própria família Miranda através de uma de suas filhas e um ex-genro. Hoje a própria esposa de Miranda exerce a função pomposa de “conselheira mundial” da IPDA e Débora Miranda exerce a liderança da igreja de maneira não oficial. E, claro, o filho David Miranda Jr. é outra liderança importante.
Controvérsias. Em 2000, um contador e presbítero da IPDA acusou David Miranda de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Na época ele chegou a ser indiciado pela Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR). Em 1985, Miranda, sua filha e mulher foram denunciados à justiça de Porto Alegre por curanderismo, estelionato e exploração de credibilidade. E em 1976, também, ele foi indiciado pela morte de 21 pessoas após a queda de uma laje na inauguração de um templo da IPDA em Neves, São Gonçalo (RJ). Na época os jornais indicavam que Miranda fugiu do local no momento da tragédia. De todos os indiciamentos ele acabou absolvido.
David Miranda ficou conhecido pelo ministério de cura. É famosa a foto onde ele fazia propaganda de várias muletas e cadeiras de rodas de pessoas supostamente curadas nas reuniões da igreja. Muitas doenças que eram testemunhadas como curadas nos cultos da sede mundial estavam relacionadas aos “pecados do mundanismo”, segundo o David Miranda. Era comum uma pessoa testemunhar que foi curada (ou liberta) porque passou a obedecer o Regulamento Interno e deixou outra denominação “mundana”, especialmente as Assembleias de Deus. Miranda também costumava usar conversas que ele tinha com demônios e até com o próprio diabo para embasar suas proibições e, também, em supostas revelações divinas. Aliás, o artifício do medo era uma constante na sua pregação, pois David Miranda dizia manter revelações constantes do divino e conversas de confronto com o diabo.
Como será o futuro dessa grande denominação (neo)pentecostal? Como igreja personalista há apenas três caminhos: a decadência, a divisão ou a mudança radical (não importa para qual direção). Tudo indica que não continuará como está no médio e longo prazo. O meu desejo é que a liderança da Igreja Pentecostal Deus é Amor encontre o caminho do Evangelho, deixe para trás o legalismo farisaico, e chegue perto dos conceitos bíblicos a partir de uma leitura atenta das Escrituras. O legalismo, como sempre digo, não é um problema menor ou uma heresia sem importância. Todo legalista nega a cruz de Cristo. Não há pecado mais leviano. Que Deus abençoe a igreja de Deus que está entre a membresia da IPDA.
Fonte: http://www.teologiapentecostal.com/
Título original: Morre David Miranda. Morrerá a denominação como a conhecemos hoje?