Ex-dirigente da Universidade Luterana é suspeito de desvio de dinheiro
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Ex-dirigente da Universidade Luterana é suspeito de desvio de dinheiro


Investigação da Polícia Federal aponta que ex-dirigentes da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) desviaram R$ 63 milhões da instituição por meio de pagamentos por serviços de consultoria não prestados. De acordo com a PF, o esquema era liderado pelo ex-reitor da universidade Ruben Becker e envolvia um grupo de contadores que operava empresas de fachada. Ele e mais 13 pessoas são investigadas por suspeita de estelionato, ocultação de bens e lavagem de dinheiro.

Na manhã desta quarta, a PF e a Receita Federal fizeram buscas em 23 casas, apartamentos e escritórios do grupo e apreenderam computadores e documentos sobre a movimentação financeira. Cerca de R$ 120 mil em espécie foram recolhidos.

De acordo com a PF, os R$ 63 milhões foram pagos por consultorias não prestadas entre 2005 e o início de 2009. Ao investigarem os pagamentos, os policiais descobriram que algumas das empresas só existiam no papel, sendo registradas em endereços inexistentes.

Uma das operações suspeitas é um pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas (região metropolitana de Porto Alegre), sede da Ulbra, no final do ano passado. Segundo a PF, após o pagamento feito pela prefeitura, R$ 5,7 milhões foram sacados na boca do caixa por pessoas ligadas ao ex-reitor. Um dos saques foi de R$ 2,2 milhões.

A polícia pediu a prisão temporária de Becker e de mais seis pessoas investigadas --o que foi negado pela Justiça Federal por considerar que não havia risco à investigação.

Impostos e carros

Um dos maiores conglomerados de educação privada do país, a Ulbra tem 140 mil alunos e vive uma crise que envolve a cobrança de uma dívida bilionária com a Receita Federal e suspeitas de gestão fraudulenta no período em que Becker permaneceu no comando.

O fisco cobra cerca de R$ 3 bilhões em impostos atrasados desde 2000 referentes a períodos em que o governo federal cassou o certificado de entidade filantrópica que garantia imunidade tributária. A universidade contesta.

Já a suspeita de fraudes na gestão derrubou Becker do cargo em abril deste ano. No ano passado, houve interrupção do atendimento nos quatro hospitais que mantém no RS por falta de pagamento de pessoal.

Desde 2008, as contas da universidade são submetidas a uma auditoria externa, determinada pela Justiça.

Batizada como Kollektor (colecionador, em alemão), o nome da operação da PF deflagrada nesta quarta é uma referência ao hábito de Becker de colecionar veículos raros. Parte de uma coleção de 600 carros dele foi leiloada.

Outro lado

O advogado de Ruben Becker, Geraldo Moreira, afirma que todos os pagamentos feitos pela instituição durante a gestão do ex-reitor da Ulbra foram lançados na contabilidade e se referem a serviços que foram de fato prestados. Ele negou que o ex-reitor tenha recebido dinheiro desviado por empresas de fachada, conforme diz a Polícia Federal.

Moreira não quis detalhar a natureza dos serviços de consultoria pagos porque são objetos de processos judiciais que estão em andamento. O advogado também afirma que a dívida de R$ 3 bilhões cobrada pela Receita Federal não existe porque a instituição tem direito a imunidade tributária.

Segundo ele, o pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas foi feito para a reativação dos serviços do Hospital Universitário em 2008. "É falsa e mentirosa a informação de que parte desse dinheiro foi sacado na boca do caixa."

Moreira se queixou da "truculência" da Polícia Federal, que arrombou a porta do apartamento de uma filha do ex-reitor para cumprir um dos mandados de busca.

"É a operação mais truculenta e midiática já feita. Arrombaram uma porta, espalharam roupas pelo chão. Em outras operações eles usaram um chaveiro para abrir fechaduras", reclamou.

O superintendente da Polícia Federal no RS, Ildo Gasparetto, negou que os policiais tenham cometido excesso. Segundo ele, o arrombamento foi o "último recurso" porque não foi dado aos agentes acesso ao local.

Procurado, o atual reitor da Ulbra, Marcos Fernando Ziemer, não quis se manifestar sobre a operação contra o antecessor.

Fonte: Folha Online



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