Cristianismo
Construtoras faturam mais de R$ 400 milhões com mega templos - o perigo do modelo da igreja de Salomão
Por mais de 20 anos, a paulista Sobrosa foi uma construtora de pequeno porte, dedicada ao ramo industrial. Teve oportunidade de fazer obras públicas e projetos residenciais, mas manteve o rumo. No ano passado, porém, recebeu um convite inusitado. Por indicação de um cliente, foi chamada a participar da concorrência para a construção do templo sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, em São Paulo. Entrou na disputa e levou o contrato, de cerca de R$ 70 milhões. Hoje, é sua maior obra.
A Sobrosa é um exemplo emblemático de como os projetos de grandes templos no Brasil começam a chamar a atenção de construtoras tradicionalmente focadas em outros mercados. A Construcap é outro.
Entre as dez maiores empreiteiras do país, com receita de R$ 1,6 bilhão em 2010 – segundo ranking da revista O Empreiteiro –, a empresa está construindo o Templo do Rei Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo. Inspirado no antigo templo judeu, o prédio terá colunas com quase o dobro da altura da estatua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; capacidade para mais de 10 mil pessoas sentadas; vagas para 1,2 mil veículos e será todo revestido com pedras importadas de Israel.
Uma das grandes vantagens de explorar o mercado de templos, diz Fabio Said Bittar, diretor da Solidi Engenharia e Construções, é justamente o perfil dos projetos. “Igrejas são obras tecnicamente simples – um grande caixote –, com prazo de entrega relativamente curto, acabamento de qualidade e contratado por quem tem dinheiro em caixa”, afirma.
Responsável pela construção do Santuário Mãe de Deus, do padre Marcelo Rossi, a Solidi é um caso à parte neste de nicho de mercado. Segundo Bittar, a construtora embarcou no negócio a convite do próprio padre, quando as obras já haviam começado. A primeira contratada, diz, teria desistido pela inconstância no fluxo de caixa da obra, alimentado basicamente por doações, pela venda de discos e de livros do religioso – a assessoria de imprensa de Marcelo Rossi não confirma. “Estamos tocando a obra na medida em que o dinheiro entra. É difícil uma empresa que visa lucro topar assim”, afirma.
Normalmente, é o que a Solidi faria também. Mas o empresário diz que aceitou a empreitada em agradecimento ao apoio recebido do padre, há cinco anos, quando teve um problema grave na família. E hoje o Santuário é uma das 14 frentes de obras da Solidi, a maior parte delas em São Paulo.
Orçamento reservado
As igrejas donas dos templos costumam ser discretas em relação aos valores envolvidos nos projetos. Procuradas, não falam sobre o assunto. Bittar, porém, diz que o projeto do Santuário Mãe de Deus começou orçado em R$ 45 milhões e deverá custar perto de R$ 50 milhões. É pouco menos que os R$ 70 milhões que Eduardo Ferri Sobrosa, sócio-diretor da Sobrosa, diz que vai custar a nova sede da Igreja Mundial do Poder de Deus. Mas muito menos que o suntuoso Templo do Rei Salomão.
Trabalhadores na obra contam que Edir Macedo, fundador da Universal, aparece em vídeo no processo de integração de novos funcionários e diz que a está investindo no templo cerca de R$ 300 milhões. A reforma do estádio Beira Rio, em Porto Alegre, para a Copa de 2014, e a construção do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, custarão pouco mais que isso.
Para Bittar, da Solidi, a comparação com shopping centers, em particular, dá também uma boa dimensão do potencial do mercado de grandes templos no país. É comum donos de empreendimentos do tipo usarem como referência para abertura de novas unidades o número de habitantes de uma cidade. “Se tem mais de 100 mil, tem espaço para a construção de um grande templo”, afirma o empresário.
Só Belo Horizonte, onde a população supera os 2,3 milhões de habitantes, há um projeto para 25 mil pessoas – a Catedral Cristo Rei, da igreja católica –, e outro para 30 mil, da igreja Batista Lagoinha. Como base de comparação, a Catedral da Sé, em São Paulo, tem capacidade para 8 mil pessoas, e a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, menor apenas que a de São Pedro, no Vaticano, para 35 mil pessoas.
Na avaliação de Sobrosa, igrejas com capacidade acima de 10 mil pessoas já são um bom negócio. “Com uma dessas por ano, dobro meu faturamento”, afirma, em referência ao templo que sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, que terá capacidade para 15 mil pessoas, estúdio de TV e estacionamento com capacidade para 1633 carros. “Não estou mudando o direcionamento estratégico da minha empresa – ela continua focada em obras industriais. Mas este é um mercado com potencial para o futuro, que não podemos desprezar”, afirma.
Fonte: Dubes Sônego, no IG
Meu Comentário: Ao ler essa reportagem não resta dúvida que as igrejas hoje representam grandes negócios. Mas se o filho do Rei Davi é o "modelo de gestão" para os líderes religiosos de hoje, convém dar uma olhada na Bíblia para lembrar como foi seu reinado e ver as lições espirituais que podem ser tiradas paras as igrejas contemporâneas. Salomão ascendeu ao trono de Israel ainda adolescente e logo se tornou a pessoa mais rica de seu tempo. A Bíblia diz que em Jerusalém a prata era tão comum quanto pedras. Uma frota de navios comerciais saía em busca de coisas exóticas para as coleções particulares do rei — macacos e babuínos da África, e marfim e ouro às toneladas. Salomão também possuía talento artístico: escreveu 1.005 canções e 3.000 provérbios.
Governantes viajavam centenas de quilômetros para testarem, eles mesmos, a sabedoria de Salomão e para verem a grande cidade que ele construíra. Salomão empregou generosamente a riqueza de seu reino num local para Deus habitar: um templo magnífico, construído por 200.000 homens, que se colocava como uma das maravilhas do mundo. À distância, reluzia como uma montanha coberta de neve.
Deus o cumprira! Suas promessas a Abraão e a Moisés finalmente haviam se tornado verdade. Os israelitas agora possuíam terra, uma nação com fronteiras seguras, e um símbolo refulgente da presença de Deus entre eles. Deus havia cumprido a sua parte na aliança. Nenhuma pessoa presente no famoso dia da dedicação do templo poderia duvidar da realidade de Deus; todos viram o fogo e a nuvem de sua presença. E tudo isso veio a ocorrer não num deserto inóspito, cheio de serpentes e escorpiões, mas numa terra rica de ouro e prata.
Com tudo que se podia imaginar trabalhando a seu favor, à primeira vista parecia que Salomão seguiria a Deus com gratidão. Sua oração de dedicação do templo, em 1 Reis 8, é uma das orações mais majestosas já feitas. Porém, no final de seu reinado Salomão já havia desperdiçado quase todas as vantagens. O homem de verve poética que havia celebrado o amor romântico quebrou todos os recordes de promiscuidade: no total, setecentas esposas e trezentas concubinas! O sábio que compusera um número tão grande de provérbios de bom senso fez pouco caso deles com uma extravagância jamais igualada. E, para agradar suas esposas nascidas no estrangeiro, o devoto que construíra o templo de Deus deu um passo final e terrível: introduziu a adoração de ídolos na cidade santa de Deus.
Em apenas uma geração, Salomão transformou Israel, um reino inexperiente que dependia de Deus para sua própria sobrevivência, numa potência política auto-suficiente. Mas nessa jornada perdeu de vista a visão original à qual Deus o havia chamado. Ironicamente, por volta da época da morte de Salomão, Israel assemelhava-se ao Egito, de onde Deus os tinha resgatado: um Estado imperial mantido em pé por uma burocracia agigantada e pelo trabalho escravo, com uma religião oficial que estava sob o comando do governante. O sucesso do reino deste mundo havia provocado um desinteresse no reino de Deus. Esvaiu-se a rápida e resplendente visão de uma nação de aliança, e Deus retirou sua aprovação. Após a morte de Salomão, Israel cindiu-se em dois e gradualmente se encaminhou para a ruína.
Salomão gradualmente foi dependendo menos de Deus e mais das coisas que o cercavam: o maior harém do mundo, uma casa duas vezes maior que o templo, um exército bem abastecido de carruagens, uma economia forte. O progresso pode ter eliminado quaisquer crises de desapontamento com Deus, mas também parece que eliminou totalmente o desejo que Salomão tinha de Deus. Quanto mais apreciava as boas dádivas do mundo, menos ele pensava no Doador.
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