24.3 quando serão estas coisas, e que sinal haverá de tua vinda, e da consumação do mundo.Jesus lida com as três questões, mas não as distingue claramente. A pergunta é dividida em três partes: (1) “estas coisas” [destruição do templo]; (2) Segunda Vinda; (3) Fim do Mundo. É provável que a tribulação que veio sobre os judeus em torno de 70 d.C tenha sido uma tipologia (ou figura profética) da grande tribulação final que virá sobre toda a terra (Ap.3:10), razão pela qual ele não tenha feito questão de dividir seu discurso em três partes ou responder de forma sistemática a cada uma delas.
O que é certo é que muitos pontos deste discurso não se encaixam nos acontecimentos que antecederam 70 d.C, como, por exemplo, o fato de não ter havido muitas guerras (v.6) dentro daquele período de 40 anos (entre 30 e 70 d.C), nem muitas pessoas se dizendo ser Jesus Cristo (v.5), nem grandes terremotos em diversos lugares (v.7), nem o evangelho chegou ao mundo inteiro da época (v.14; v. nota em Cl.1:23), nem houve salvação ao que “perseverou” (v.13) – os judeus foram massacrados – nem a tribulação daqueles dias foi tão grande ao ponto de fazer jus à descrição que diz outra tribulação como essa “nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (v.21), sendo que as duas guerras mundiais mataram mais gente e tiveram muito maior abrangência do que o conflito local entre Jerusalém e Roma em 70 d.C. Isso tudo indica que, ainda que parte deste discurso também se aplique à destruição de Jerusalém em 70 d.C como tipologia (em especial os versos 15 ao 20), o discurso fazia referência principal ao evento que eratipificado em 70 d.C, que é a grande tribulação que ainda está por vir.
24.13 o que perseverar até o fim, esse será salvo. Ao invés de “uma vez salvo, sempre salvo”, a salvação depende de perseverança contínua, até o fim.
24.15 quem lê, entenda. V. nota em Mc.13:14.
24.15 abominação da desolação. O texto de Daniel que Jesus faz menção (Dn.9:27) diz respeito (tipologicamente) a Antíoco Epifânio, que em 168 a.C erigiu um altar pagão dedicado a Zeus no templo de Jerusalém. Essa tipologia se cumprirá na pessoa do anticristo, que “se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, a ponto de se assentar no santuário de Deus, proclamando que ele mesmo é Deus” (2Ts.2:4).
24.19 ai das grávidas. As grávidas sofreriam muito mais para “fugir para os montes” (v.16).
24.20 inverno. No inverno as chuvas fariam transbordar os riachos e, consequentemente, dificultar a fuga para um local de abrigo. sábado. Os judeus eram proibidos de viajar mais de 800 metros no sábado.
24.20 vossa fuga. Jesus inclui seus discípulos (cristãos) como aqueles que teriam que fugir por ocasião da grande tribulação. Se a Igreja já estivesse protegida no Céu, somente os mundanos é que teriam que fugir, e o dito em segunda pessoa seria completamente desnecessário.
24.22 por causa dos escolhidos. Mostra claramente que os eleitos (Igreja) estarão na grande tribulação, pois aqueles dias serão encurtados por amor a eles. Isso não faria sentido nem seria necessário caso a Igreja já estivesse no Céu, muito longe de toda tribulação na terra.
24.24 se possível fosse. V. nota em Mc.13:22.
24.27 sai do oriente, e aparece até o ocidente. A volta de Jesus será visível aos olhos de todos, desde o oriente até o ocidente. Isso confronta a tese pós-milenista, segundo a qual Jesus “voltou” apenas alegoricamente, para apenas aqueles que estavam envolvidos na destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C, numa região geográfica limitada e específica. Se a segunda vinda de Cristo fosse limitada a isso, não haveria nenhuma razão de dizer que a volta de Jesus seria visível a todos do oriente e do ocidente, de modo que “todo olho o verá” (Ap.1:7), “desde uma extremidade dos céus até a outra” (v.31), passando vividamente a ideia de um acontecimento universal, visível e real.
24.28 onde quer que estiver o corpo morto. V. nota em Lc.17:37.
24.29 logo depois. O grego usa a palavra eutheos, que significa “diretamente, imediatamente, em seguida” (Strong, 2112). Mateus usa essa palavra para ligar dois acontecimentos que estão conectados entre si – a grande tribulação e a imediata volta de Cristo, que ocorre ao final dela – ligados pelo “então” (tote) do v.30, que significa “naquele tempo” (Strong, 5119), que é a palavra sempre utilizada no NT para relatar algo que acontece naquele exato momento. Isso confronta fortemente a visão escatológica do preterismo parcial, que ensina que a tribulação foi um evento ocorrido em 70 d.C, mas a volta de Jesus ainda é futura. Se os acontecimentos são interligados, tudo é passado (preterismo completo) ou tudo é futuro (futurismo). Interpor pelo menos dois mil anos entre dois acontecimentos ligados pelo eutheos (imediatamente após) e pelo tote(naquele momento) é inconsistência teológica ou ignorância.
24.30 e então todas as tribos da terra lamentarão, e verão ao Filho do homem. O fato de Jesus aparecer a todas as nações por ocasião da sua vinda mostra que ela será visível a todos (de todas as tribos), e não somente aos israelitas e romanos (envolvidos na batalha de 70 d.C).
24.30 vem sobre as nuvens do céu. V. nota em Lc.21:27.
24.31 e ajuntarão a seus escolhidos. V. nota em Mc.13:27.
24.34 esta geração. V. nota em Lc.21:32.
24.36 daquele dia e hora. Nós iremos saber os tempos da volta de Cristo, por causa de todos os sinais descritos nos versos 5 ao 33, mas não poderemos saber o dia e a hora exatos. Da mesma forma que alguém que vê o céu nublado pode esperar chuva, mas não pode saber o minuto exato em que essa chuva virá, o cristão saberá distinguir que está nos tempos de tribulação, mas não saberá o dia e a hora em que Jesus voltará. O próprio Cristo disse que “quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas” (v.33). Nós veremos “estas coisas” [a tribulação], saberemos que ele está próximo, mas não saberemos o dia e a hora.
24.36 a não ser meu Pai somente. V. nota em Mc.13:32.
24.39 até que veio o dilúvio, e os levou a todos. Diferentemente da teologia pré-tribulacionista, os que são “levados” são os ímpios (que morreram no dilúvio), e os que são “deixados” são os justos (como Noé e sua família), que permanecem na terra mesmo em meio a toda tribulação (tipificada pelo dilúvio), até o estabelecimento da nova terra, assim como Noé, que viu uma “nova terra” ao deixar a arca – uma terra desolada e arrasada pelo dilúvio, em contraste com a nova terra renovada e transformada por Deus, na eternidade.
24.40 um será tomado, e o outro será deixado. O que é “levado”, seguindo a analogia dos “dias de Noé” (v.37), são os ímpios (levados mortos pelo dilúvio), e os que são deixados (em vida, na terra) são os justos. Isso fica claro pelo “assim também será” (do verso 39), que mostra uma analogia, e não um contraste. Assim como foi nos dias de Noé (o ímpio levado e o justo deixado) será na volta de Jesus – e não de forma diferente ou contrastante.
24.42 não sabeis a que hora. V. nota em Mt.24:36.
24.49 a beber com os beberrões. Jesus condena expressamente a bebida alcoólica, ao citar esta prática como a atitude de um homem ímpio.