23.2 cadeira de Moisés. Os fariseus se diziam sucessores de Moisés.
23.8 um é vosso Mestre: o Cristo, e todos vós sois irmãos. Mostra a igualdade de autoridade entre todos os apóstolos, sem uma liderança visível entre eles, mas todos estando sob a autoridade única de Cristo, que é o nosso único mestre infalível. A Bíblia fala da existência de mestres na Igreja (2Tm.1:11; Ef.4:11), mas que estão sujeitos ao erro, e a quem não devemos obediência incondicional, mas somente o devido respeito e a obediência sob a condição do ensino ser condizente com as Escrituras.
23.9 não chameis a ninguém na terra vosso pai. Assim como na questão do “mestre”, a Bíblia fala da existência de “pais” espirituais (1Co.4:15), sendo o próprio apóstolo Paulo um deles (1Tm.1:2), mas somente no sentido de ser um tutor na fé, e não de ser uma autoridade superior e infalível, como ocorria entre os fariseus e como ocorre nos dias de hoje no catolicismo romano, em torno da pessoa do papa e do magistério. Jesus não estava condenando a expressão pai, mas o significado que aquela expressão tinha naqueles dias, sob aquele contexto, que se assemelha a outros nos dias atuais.
23.13 fechais o Reino dos céus diante das pessoas. Como sacerdotes, os fariseus deveriam transmitir a legítima Palavra de Deus, como canais utilizados por Ele para a transmissão da verdade, mas eles haviam caído em vãs tradições ao ponto de anular as Escrituras (Mc.7:3). Com este canal corrompido, a mensagem que chegava aos ouvidos do povo não era a mensagem verdadeira, mas uma adulterada, mesclada com o engano da tradição. Deste jeito, os fariseus não alcançavam a salvação, e fechavam as portas para que as outras pessoas não pudessem escutar a verdade e serem salvas.
23.14 recebereis mais grave juízo. V. nota em Mt.10:15.
23.15 prosélito. Um discípulo, que estaria melhor na condição anterior do que depois de “convertido”, quando se tornaria um fariseu e cairia em erros ainda piores do que aqueles que ele estava antes.
23.23 e deixais as coisas de maior peso da lei. Jesus não estava dizendo que o dízimo não tinha nenhuma importância ou que os fariseus poderiam negligenciar o dízimo, mas sim que os preceitos morais da lei eram coisas muito mais sérias, e eles negligenciavam. Seria como dizer que alguém dá um trocado a um mendigo na rua, mas sonega impostos e pratica corrupção – o que é muito pior. Nos dias de hoje, infelizmente muitas igrejas dão uma ênfase demasiada ao dízimo, deixando de lado a justiça, a misericórdia e a fé, que deveriam ser pregadas acima de qualquer coisa.
23.24 coais o mosquito, e engolis o camelo. O mosquito era um dos menores animais impuros e os fariseus faziam questão de coar a água em um pano para garantir que não engoliria um deles, quando figurativamente estava engolindo um camelo – um dos maiores animais impuros – por causa de seu coração longe de Deus.
23.25 limpais o exterior do copo. Viviam de aparências.
23.27 sepulcros caiados. Pisar em um túmulo era proibido (Nm.19:16), razão pela qual os sepulcros eram caiados, tornando-os visíveis, parecendo limpos externamente, embora internamente sujos e imundos – outra ilustração cabível para os fariseus.
23.30 nossos pais. Ao reconhecerem seus descendentes espirituais como seus “pais”, eles estavam se colocando como “filhos” dos que mataram os profetas – e iriam terminar o trabalho matando o último e maior deles, Jesus.
23.35 de Abel até Zacarias. V. nota em Lc.11:51.
23.37 quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos... porém não quisestes. Este é um dos textos mais fortes na defesa do livre-arbítrio. Se não há livre-arbítrio no homem, então a verdade é que quem não quis que os israelitas se reunissem com Deus foi o próprio Deus. Jesus estaria simplesmente sendo sarcástico ao dizer que foram eles que não quiseram, quando, na verdade, este “não querer” deles havia sido determinado por Deus antes da fundação do mundo e não havia nada que eles pudessem fazer além de “não querer”. O texto diz claramente que Deus quis, mas eles não quiseram, e por isso seriam punidos. A vontade de Deus se contrapôs à vontade do homem e, neste caso, a vontade do homem prevaleceu, pois Deus respeita a livre opção de escolha que ele concedeu. Sem o livre-arbítrio não há como explicar contrastes como esse, muito menos como crer num mundo onde tudo foi determinado por Deus e este mesmo Deus reclama por alguém ter rejeitado um convite dele, quando foi da determinação do próprio Deus que eles rejeitassem. Seria a “dureza do coração de Deus”, e não do homem, a causa primeira da negação dos judeus, se não existisse o livre-arbítrio.
23.38 vossa casa se vos deixa deserta. Predição da destruição do Templo de Jerusalém, que era considerado a “casa” dos judeus. Ele foi destruído pelos romanos em 70 d.C. Alguns versos adiante Jesus afirma isso de forma mais explícita (Mt.24:2).