9.1 não experimentarão a morte. V. nota em Mt.16:28.
9.4 e apareceu-lhes Elias com Moisés. Elias não passou pela morte, mas foi arrebatado vivo ao Céu (2Rs,2:11), assim como Enoque (Hb.11:5). Quanto a Moisés, tudo indica que ele foi ressurreto para aparecer naquele momento no monte da transfiguração, pois os fatos mostram a presença física (corporal) de Moisés, de Elias e de Jesus, e não de Moisés como sendo um “espírito” incorpóreo, como creem os kardecistas, querendo transformar o acontecimento no monte da transfiguração em uma sessão espírita. Tanto é que Pedro sugeriu que se fizessem três cabanas, incluindo “uma para Moisés” (v.5), e um espírito incorpóreo não precisa de cabana para passar a noite. O próprio fato de Pedro sugerir que se fizessem cabanas mostra que ele esperava que ficassem longos dias no monte, e a cabana serviria justamente para passar a noite e dormir – coisas que são totalmente desnecessárias a um espírito. Portanto, o fato de Pedro ter se preocupado em construir cabana também para Moisés atesta o aparecimento físico de Moisés no monte, e, consequentemente, implica em uma ressurreição corporal, ainda que temporária.
Outros fatores corroboram em favor disso, como, por exemplo, o fato de Judas registrar que Satanás disputou o corpo de Moisés com Miguel (Jd.9), o que não faria qualquer sentido caso tudo estivesse relacionado a um simples defunto, como se Miguel e o diabo tivessem algum interesse em brigar por uma carne morta, quando o espírito de Moisés teoricamente já estaria no Céu (segundo os imortalistas). Obviamente, a disputa de Satanás pelo corpo de Moisés aconteceu justamente para evitar a ressurreição dele (para aparecer no monte), o que também é confirmado pelo fato de Judas fazer menção ao livro da “Assunção de Moisés” (v. nota em Jd.9), que, como o próprio nome indica, mostra que os judeus criam que Moisés havia sido ressuscitado – embora Satanás quisesse impedir isso. Nada disso, porém, muda o fato de que Jesus é biblicamente o “primogênito dos mortos” (1Co.15:22; Ap.1:5), não no sentido de ser o primeiro a ser ressuscitado fisicamente (o que já havia acontecido com vários personagens do AT e do NT antes da ressurreição de Jesus, como o próprio Lázaro), mas no sentido de ter sido o primeiro a adentrar os céus depois de ressurreto, em um corpo glorificado e imortal. As evidências indicam que a ressurreição de Moisés foi temporária tanto quanto a dos demais personagens bíblicos que passaram pela ressurreição e voltaram ao estado de morte (1Rs.17:17-24; 2Rs.4:25-37; Lc.7:11-15; 8:41-56; Jo.11:11; At.9:36-41; 20:9-11), com a finalidade específica de aparecer no monte, junto a Jesus e a Elias. Portanto, o fato de Moisés ter sido ressuscitado e de ter aparecido fisicamente no monte não contradiz o fato de Jesus ter sido o primeiro a ressuscitar para a glória, em um corpo glorioso, e muito menos faz do acontecimento no monte uma sessão espírita, com “espíritos” humanos “baixando” e conversando com as pessoas da terra.
9.7 a ele ouvi. V. nota em Lc.9:35.
9.9 até que o Filho do homem já tenha ressuscitado dos mortos. V. nota em Mt.17:9.
9.10 que seria aquilo, ressuscitar dos mortos. Os judeus criam em ressurreição da carne, mas não criam que o Messias teria que morrer. Para eles, o Messias seria um líder político que lideraria uma revolta contra Roma para libertar os judeus dos romanos, e não um mensageiro da paz que morreria numa cruz para lhes trazer salvação dos pecados. Um Messias crucificado era um “escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Co.1:23). É por isso que os discípulos pensaram que o trecho “ressuscitar dos mortos” poderia ter outro significado que não fosse a própria ressurreição dos mortos.
9.13 Elias já veio. V. nota em Mt.11:14.
9.22 para o destruir. O diabo sabia que, tirando a vida dele, iria acabar com suas chances de salvação. É por isso que uma das principais funções do intercessor é rogar a Deus pedindo que ele dê mais tempo de vida ao pecador, o que significa mais oportunidades de arrependimento (v. nota em Lc.13:7-9).
9.29 este tipo. V. nota em Mt.17:21.
9.32 não entendiam esta palavra. V. nota em Mc.9:10. temiam perguntar-lhe. Talvez temendo receber uma bronca como a que Pedro recebeu em Mc.8:33.
9.34 haviam discutido uns com os outros pelo caminho, sobre qual deles era o maior. O próprio fato de haver este tipo de discussão entre os discípulos já é uma prova de que não havia claramente um líder ou autoridade entre eles, como a Igreja Romana atribui a Pedro, como o “príncipe dos apóstolos”. Tal episódio ocorreu depois da famosa declaração de Cristo em Mt.16:18 (equivalente a Mc.8:29), o que nos mostra que os discípulos não entenderam tal declaração da mesma forma que os papistas a entendem, ou estariam no máximo disputando o segundo lugar, porque o primeiro já seria de Pedro. Importante também é ressaltar que Cristo, em sua resposta, em momento nenhum diz que já havia decidido que Pedro era o maior dentre eles, e que por essa razão essa discussão era inútil. Ao contrário: admoesta a serem os “menores”, e não os maiores – sem dar um mínimo indício de primazia a Pedro.
9.41 porque sois de Cristo. Não é apenas a caridade em si, mas principalmente a razão da generosidade que é levada em consideração por Deus. Alguém pode ser generoso com outra pessoa por motivações erradas, como a ostentação própria (Mt.6:2), ou simplesmente por querer ser bom, mas há um nível maior que é o de ajudar alguém pelo fato de ser de Cristo. Cristo deve ser sempre a nossa maior motivação para ajudar o próximo. Devemos ajudar os outros como se estivéssemos fazendo a Jesus (Mt.5:40).
9.42 e que fosse lançado no mar. V. nota em Mt.18:6.
9.43 fogo que nunca se apaga. V. nota em Jd.7.
9.44 onde seu verme não morre. Fazendo alusão ao texto de Isaías, que fala de cadáveres, e não de espíritos vivos queimando entre as chamas: “Sairão e verão os cadáveres dos que se rebelaram contra mim; o seu verme não morrerá, e o seu fogo não se apagará, e causarão repugnância a toda a humanidade” (Is.64:24). Este “verme que não morre”, no original grego, é skolex, que é “um verme, especificamente o tipo que depreda cadáveres” (Strong, 4663). Jesus estava fazendo alusão clara ao cenário descrito em Isaías, onde cadáveres eram lançados ao geena e ali devorado por vermes, que “não morrem” até os corpos serem consumidos, exatamente como ocorria naqueles dias no Vale de Hinom (geena), que era um lixão público onde se deixavam os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais, malfeitores e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade. Neste local era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava constantemente aceso, já que suportava todos os tipos de lixo e carniça que eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam, que devoravam as entranhas dos cadáveres dos impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador. Este cenário, portanto, em absolutamente nada tem a ver com a imaginação popular fantasiosa de vermes imortais atacando espíritos vivos e conscientes em meio a chamas eternas, mas diz respeito a cadáveres (pessoas já mortas, aniquiladas) sendo lançados para serem devorados pelos skolex (tipo específico de verme que ataca cadáveres).
9.45 corta-o. Não deve ser tomado em um literalismo exacerbado, como se a melhor coisa que o pecador tivesse que fazer para vencer o pecado fosse logo cortar os membros do próprio corpo. O corpo é o templo do Espírito Santo (1Co.6:19) e também deve ser conservado irrepreensível para a volta de Jesus (1Ts.5:23). O sentido do texto é que até uma amputação radical seria melhor do que uma vida no pecado. Se o pecador não tivesse outros meios para se livrar do pecado, a amputação realmente seria melhor do que a condenação. Mas através do Espírito Santo e da busca a Deus (em oração, louvor e leitura da Palavra) podemos viver uma vida em santidade e nos vermos livres do domínio do pecado, sem a necessidade de amputar os membros do nosso corpo. Devemos amputar, sim, aquilo que nos afasta de Deus – vícios, brigas, orgulho, imoralidade, entretenimento exagerado e qualquer outra coisa que nos mantenha afastados dEle.
9.50 se o sal se tornar insípido. V. nota em Mt.5:13.