Comentários de João 17
Cristianismo

Comentários de João 17


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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 Jesus falou estas coisas, levantou seus olhos ao céu, e disse: Pai, chegada é a hora; glorifica a teu Filho, para que também teu Filho glorifique a ti.
2 Assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que a todos quantos lhe deste, lhes dê a vida eterna.
3 E esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem tens enviado.
4 Eu já te glorifiquei na terra; consumado tenho a obra que me deste para eu fazer.
5 E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha junto de ti, antes que o mundo existisse.
6 Manifestei teu nome aos seres humanos que me deste do mundo. Eles eram teus, e tu os deste a mim; e eles guardaram tua palavra.
7 Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti.
8 Porque as palavras que tu me deste eu lhes dei; e eles [as] receberam, e verdadeiramente reconheceram que eu saí de ti, e creram que tu me enviaste.
9 Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas sim por aqueles que tu me deste, porque são teus.
10 E todas as minhas coisas são tuas; e as tuas coisas são minhas; e nelas sou glorificado.
11 E eu já não estou no mundo; porém estes [ainda] estão no mundo, e eu venho a ti. Pai Santo, guarda-os em teu nome, a aqueles que tens me dado, para que sejam um, como nós [somos] .
12 Quando eu com eles estava no mundo, em teu nome eu os guardava. A aqueles que tu me deste eu os tenho guardado; e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que a Escritura se cumpra.
13 Mas agora venho a ti, e falo isto no mundo, para que em si mesmos tenham minha alegria completa.
14 Tua palavra lhes dei, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
15 Não suplico que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno.
16 Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
17 Santifica-os em tua verdade; tua palavra é a verdade.
18 Assim como tu me enviaste, eu os enviei ao mundo.
19 E por eles a mim mesmo me santifico, para que também eles seja santificados em verdade.
20 E não suplico somente por estes, mas também por aqueles que crerão em mim, por sua palavra.
21 Para que todos sejam um; como tu, Pai, em mim, e eu em ti, que também eles em nós sejam um; para que o mundo creia que tu tens me enviado.
22 E eu tenho lhes dado a glória que tu me deste, para que sejam um, tal como nós somos um.
23 Eu neles, e tu em mim; para que perfeitos sejam em um; e para que o mundo conheça que tu me enviaste, e que tu amaste a eles, assim como amaste a mim.
24 Pai, aqueles que tens me dado, quero que onde eu estiver, eles também estejam comigo; para que vejam minha glória, que tens me dado, pois tu me amaste desde antes da fundação do mundo.
25 Pai justo, o mundo também não tem te conhecido, e estes têm conhecido que tu me enviaste.
26 E eu fiz teu nome ser conhecido por eles, e eu farei com que seja conhecido, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.




17.o único Deus verdadeiro. Ao contrário do que ensinam as testemunhas de Jeová, Cristo não estava ensinando aqui que ele não é Deus, mas sim que dentre todos os “deuses” da época (e eram muitos) o seu Pai era o único verdadeiro. Outras passagens deixam claro que Jesus compartilha desta mesma natureza divina com o Pai (v. nota em Jo.1:1). Uma declaração semelhante se encontra em 1Co.8:6 (v. nota), que diz que há “um só Deus, o Pai”. Entretanto, o mesmo verso prossegue dizendo que há também “um só Senhor, Jesus Cristo” (embora o Pai também seja “Senhor” em toda a Bíblia). Isso prova que a relação entre Pai e Filho não era mutuamente excludente. Jesus era o único Senhor, mas o Pai também é Senhor (Mc.12:29). O Pai era o único Deus, mas Jesus também é Deus (Jo.20:28).

17.5 aquela glória que eu tinha junto de ti, antes que o mundo existisse. Declaração inequívoca da preexistência de Cristo.

17.9 não rogo pelo mundo. Naquela ocasião específica Jesus realmente não estava orando pelo mundo, mas isso obviamente não significa que Jesus nunca orasse pelo mundo. Ao pé da cruz, Jesus orou pelo mundo quando pediu para que Deus perdoasse os pecados daqueles que o estavam zombando e blasfemando (Lc.23:34), e Paulo orava pela salvação do Israel incrédulo (Rm.10:1) e chegava até ao ponto de dizer que “até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, os de minha raça, o povo de Israel” (Rm.9:3-4). Jesus também pediu para orar por aqueles que nos perseguem (Mt.5:44), sem fazer qualquer distinção entre os “eleitos” e “não-eleitos”. Portanto, usar este texto de forma isolada para ensinar que devemos orar somente pelos eleitos e não pelo mundo é simplesmente leviano e desonesto. É fato que em determinadas ocasiões estamos orando por uns e não por outros, mas isso não significa que nós nunca oraremos por estes outros.

17.11 já não estou no mundo. O “mundo” é um local que “jaz no maligno” (1Jo.5:19), e os discípulos ainda estavam “no mundo”, razão pela qual precisavam ser “guardados” (cf. 1Jo.5:18) de todas as tentações que existem na terra, e que a cada dia nos tentam fazer cair.

17.12 aqueles que tu me deste. Diante do contexto, trata-se dos doze discípulos, que foram eleitos por Deus para o ministério (v. nota em Jo.15:16).

17.13 tenham alegria completa. V. nota em Jo.14:27.

17.14 o mundo os odiou, porque não são do mundo. V. nota em Jo.15:18.

17.15 não suplico que os tire do mundo. Embora o mundo seja um local maligno e caído no pecado, o propósito de Deus não é que nós saiamos deste mundo, mas que transformemos este mundo. Os cristãos tem uma missão que vai além de conservar a própria salvação. Deus poderia ter nos criado direto no Céu caso ele quisesse, mas se ele nos colocou aqui é porque há um propósito maior, que envolve a transformação deste mundo em um lugar melhor.   

17.21 para que todos sejam um. É indiscutível que a unidade é um alvo a ser alcançado. O debate se dá em relação a quem exerce a primazia: a unidade ou a verdade? Para os reformadores, a “unidade” da Igreja podia ser rompida, se esta unidade era uma unidade na direção do erro, da mentira e do engano. Para Lutero, era melhor ser dividido pela verdade, do que ser unido pelo erro. A Reforma Protestante colocou a bandeira da verdade acima da bandeira da unidade, porque entendia que era melhor se separar da mentira para viver uma verdade, do que viver unido na mentira. Na Bíblia, vemos Paulo dizendo para se separar de alguém e romper uma sociedade com ele, caso este alguém tenha caído na incredulidade (v. nota em 2Co.6:17). A verdadeira unidade só existe onde habita a verdade, e qualquer outra forma de unidade que não esteja alicerçada na verdade não vale mais do que qualquer outra mentira. Vale ressaltar que não há sistema mais “uno” que o ateísmo – todos creem na mesma coisa, que “Deus não existe”. Nem por isso, no entanto, essa forma de “unidade” deve ser exaltada, porque viver unido no erro não torna este erro um acerto.

17.24 desde antes da fundação do mundo. V. nota em Jo.17:5.



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