Comentários de João 16
Cristianismo

Comentários de João 16


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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 Estas coisas tenho vos dito para que não vos ofendeis.
2 Expulsarão a vós das sinagogas; mas a hora vem, quando qualquer que vos matar, pensará fazer serviço a Deus.
3 E estas coisas vos farão, porque nem ao Pai, nem a mim me conheceram.
4 Porém tenho vos dito isto para que, quando aquela hora vier, disso vos lembreis, que já o dissera a vós; mas isto eu não vos disse desde o princípio, porque eu estava convosco.
5 E agora vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
6 Porém, porque vos disse estas coisas, a tristeza encheu vosso coração.
7 Mas vos digo a verdade, que vos convém que eu vá; porque se eu não for, o Consolador não virá a vós; porém se eu for, eu o enviarei a vós.
8 E vindo ele, convencerá ao mundo do pecado, e da justiça, e do juízo.
9 Do pecado, porque não creem em mim;
10 E da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11 E do juízo, porque o Príncipe deste mundo já está julgado.
12 Ainda tenho muitas coisas que vos dizer, mas agora [ainda] não podeis suportá-las.
13 Porém quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda verdade. Porque de si mesmo não falará; mas falará tudo o que ouvir; E ele vos anunciará as coisas que virão.
14 Ele me glorificará, porque tomará do [que é] meu, e vos anunciará.
15 Tudo quanto tem o Pai é meu; por isso eu disse, que tomará do [que é] meu, e vos anunciará.
16 Um pouco, e não me vereis; e mais um pouco, e me vereis; porque vou ao Pai.
17 Disseram pois [alguns] de seus discípulos uns aos outros: Que é isto que ele nos diz: Um pouco, e não me vereis; e mais um pouco, e me vereis; e porque vou ao Pai?
18 Então diziam: Que é isto que ele diz? Um pouco? Não sabemos o que diz.
19 Conheceu pois Jesus que lhe queriam perguntar, e disse-lhes: Perguntais entre vós sobre isto que disse: Um pouco, e não me vereis; e mais um pouco, e me vereis?
20 Em verdade, em verdade vos digo, que vós chorareis, e lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas vossa tristeza se tornará em alegria.
21 A mulher quando está no parto tem tristeza, porque sua hora é vinda; mas havendo nascido a criança, já não se lembra da aflição, pela alegria de um homem ter nascido no mundo.
22 Assim também vós agora na verdade tendes tristeza; mas novamente vos verei, e vosso coração se alegrará, e ninguém tirará vossa alegria de vós.
23 E naquele dia nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo, que tudo quanto pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vos dará.
24 Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que vossa alegria seja completa.
25 Estas coisas vos falei por parábolas; porém a hora vem quando não mais vos falarei por parábolas; mas vos falarei abertamente sobre o Pai.
26 Naquele dia pedireis em meu nome; e não vos digo, que eu suplicarei ao Pai por vós.
27 Pois o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes, e crestes que eu saí de Deus.
28 Saí do Pai, e vim ao mundo; novamente deixo o mundo, e vou ao Pai.
29 Disseram-lhe seus Discípulos: Eis que agora falas abertamente, e nenhuma parábola dizes.
30 Agora sabemos que sabes todas as coisas; e não necessitas que ninguém te pergunte. Por isso cremos que saíste de Deus.
31 Respondeu-lhes Jesus: Agora credes?
32 Eis que a hora vem, e já é chegada, quando sereis dispersos, cada um por si, e me deixareis só. Porém não estou só, porque o Pai está comigo.
33 Estas coisas tenho vos dito para que tenhais paz em mim; no mundo tereis aflição; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.




16.2 qualquer que vos matar, pensará fazer serviço a Deus. Embora Jesus estivesse falando nesta ocasião com seus discípulos sobre a reação dos judeus descrentes, o que ele afirmou se aplica por extensão a todos os cristãos, de todas as épocas. De fato, milhões de cristãos genuínos foram queimados na fogueira da inquisição, torturados ou perseguidos até a morte por pessoas que pensavam com isso estar “prestando serviço a Deus”, pois supostamente estariam “eliminando os hereges” em nome da “Santa Igreja”. Ainda hoje há muita gente que pensa que “santa” é a igreja que torturava e matava, e “ímpios” eram aqueles que eram torturados e mortos por essa igreja "santa".

16.5 para onde vais? V. nota em Jo.13:33.

16.7 o Consolador. V. nota em Jo.14:16.

16.8 do pecado. I.e, levando os homens a se reconhecerem como pecadores e por si mesmos indignos da graça divina. da justiça. I.e, a justiça de Deus em nosso favor, Jesus Cristo, que se fez pecado em nosso lugar para nos resgatar e salvar, tornando-nos “justos” pela fé nEle. do juízo. I.e, da realidade de que haverá um juízo para justos e ímpios, que concederá vida eterna aos que creem, mas morte eterna aos impenitentes.

16.11 já está julgado. A condenação de Satanás já é certa e definitiva, não há mais volta ou possibilidade de arrependimento para a salvação. No entanto, embora ele já esteja sentenciado há tempos, o efetivo decreto de condenação para a morte eterna ainda ocorrerá no futuro, quando Deus esmagar Satanás debaixo dos nossos pés (Rm.16:20).

16.12 mas agora não podeis suportá-las. Virtualmente todas as seitas heréticas se baseiam neste versículo e o distorcem grosseiramente para inserir para dentro da doutrina cristã coisas que não foram ensinadas nem por Jesus, nem por apóstolo nenhum. Entre essas “coisas que os discípulos ainda não podiam suportar”, os espíritas entendem que está a reencarnação, os católicos creem que estão os dogmas marianos e papistas, os mórmons pensam que está a ida de Jesus à América e outras revelações dadas pessoalmente a Joseph Smith, e assim por diante. Isso porque é muito mais fácil sustentar uma enganação com base em especulações sobre algo que não foi escrito – jogando com o “mistério” – do que ter que provar essa doutrina com base no que está escrito. O mais provável, no entanto, é que Jesus não estivesse se referindo a nenhuma fantasia extrabíblica, mas apenas ao conteúdo neotestamentário que ainda seria mais tarde complementado pelas epístolas apostólicas, em especial as de Paulo. Em adição a isso, cabe observar que naquela época a reencarnação não era nada que os discípulos “não pudessem suportar”, porque a maioria das pessoas do mundo antigo de fato cria em reencarnação, muito popularizada por Platão. Por que os discípulos não poderiam suportar algo que já era totalmente comum e popular naquela época? Mais “mistério”.

16.13 de si mesmo não falará. É a prova cabal de que o Espírito Santo pode falar “por si mesmo” (de outra forma, não haveria sentido enfatizar isso), o que elimina a tese de que o Espírito Santo é meramente uma “força impessoal”, como dizem alguns. Ninguém diria, por exemplo, que o vento “não falará de si mesma”, simplesmente porque não tem como algo impessoal falar “de si mesmo”! A evidência, portanto, é que o Espírito Santo é um ser pessoal, fato este compatível com a crença tradicional de que ele é a terceira pessoa da trindade.

16.16 mais um pouco, e me vereis. V. nota em Jo.14:19.

16.19-22 O sentido do texto e das analogias é que os discípulos ficariam bastante tristes pela morte de Jesus que ocorreria em breve, mas logo depois se alegrariam porque veriam o Cristo ressurreto, o que os encheria de muito mais ânimo, alegria e coragem do que já tinham antes.

16.23 tudo quanto pedirdes. V. nota em Jo.14:13. em meu nome. V. nota em Jo.14:14.

16.24 para que vossa alegria seja completa. V. nota em Jo.14:27.

16.25 vos falei por parábolas. I.e, de uma forma enigmática, não clara ou direta. Talvez os discípulos não estivessem ainda prontos para ouvir de forma mais explícita que o Mestre que eles pensavam que iria exercer um reino físico e presente viesse a morrer dentro de poucas horas e, aparentemente, colocar tudo a perder. Por isso, até nas vezes em que Jesus falava abertamente de sua morte, os discípulos ficavam indagando entre si sobre o que ele queria dizer com isso (cf. Lc.18:34; Mc.9:10).



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