Cristianismo
A IGREJA, OS HOMOSSEXUAIS E A HOMOFOBIA
Tem muita gente me escrevendo acerca das leis pró-gays e das que pretendem ser anti-gays. Pedem que me manifeste. Eu leio cansado. E escrevo desescrevendo. É coisa pra escrever no chão, na areia, conforme Jesus fez em João 8, no episodio da pobre adúltera, vitima dos santarados.
Mas vamos lá!
TODO SER FIXADO NUM ÚNICO TEMA, REVELA A PULSÃO QUE O HABITA, AINDA QUE O DISCURSO DE TAL PESSOA SEJA DE NEGAÇÃO. EM TAL CASO, ATRÁS [LITERALMENTE] HÁ UM TRAUMA!
O que eu penso SOBRE as tais leis — pró ou contra?
Ora, primeiro a questão é o que eu pergunto acerca delas.
Alguém pode imaginar Jesus mobilizando o povo para uma campanha anti-gay ou pró-gay?
Alguém consegue ver Jesus estimulando os apóstolos a se tornarem militantes em favor ou contra qualquer das duas causas?
Alguém viu Jesus curando um gay sequer nos evangelhos, ou porventura [azar] não havia gays entre os que o viam ou seguiam nas estradas?
Alguém acha que o título que os pitbuls do templo e da religião deram a Ele [chamando-o acusativamente de amigo de pecadores] excluía Seu acolhimento a pecadores sexuais homens — fossem eles heterossexuais, homossexuais, ou simpatizantes, como era comum num mundo dominado pelos pervertidos romanos?
Alguém consegue ver Jesus agredindo um gay com palavras ou sugerindo leis que os coibissem?
Alguém já ouviu dizer que Jesus tenha sido áspero com gay ou pecadores?
Alguém viu Jesus ser duro e implacável com algum grupo nos evangelhos além do dos religiosos hipócritas?
Alguém crê de coração que Jesus caminharia à frente de marchas em favor ou contra qualquer coisa?
Alguém pode ver Jesus mandando discípulos ao Parlamento Judaico (Sinédrio) a fim de fazerem Lobby contra ou a favor de tais temas?
Alguém pode imaginar que ouvindo Jesus entre a multidão não houvesse gente envolvida em todo tipo de transgressão abominável conforme o livro do Levitico?
Alguém soube de qualquer fala Levítica de Jesus contra os pecadores?
Alguém também porventura ouviu Jesus dizer qualquer coisa além de arrependei-vos, convertei-vos e crede no Evangelho? Ou teria Ele dito algo acerca de algum grupo especifico além dos ricos e dos religiosos?
Alguém viu Jesus se ocupar de qualquer coisa que não fossem aquelas que matam a alma, como ódio, mentira, falsidade, hipocrisia, fanfarrice, manipulação da fé, riquezas idolatradas, soberba e juízos perversos?
Alguém pode imaginar que Jesus não conhecesse [como homem] tudo acerca de eunucos de nascimento (efeminados; não apenas com atrofia do membro sexual); dos que os homens haviam feito eunucos (castrando-os e impondo-lhes tanto o cuidados dos haréns como também o próprio uso sexual deles); e de homens que não haviam nascido com qualquer disfunção sexual e que também não tinham sido “vitimados” pelos caprichos dos poderosos ou tarados, mas que haviam abdicado do sexo em razão da dedicação total ao Evangelho e sua pregação do reino de Deus?
Alguém pode dizer por que se Ele sabia tanto do tema “eunucos” [com todas as implicações acima mencionadas], não o usou e nem o expandiu, senão com misericórdia dos dois primeiros grupos [os nascidos e os feitos pelos homens] e com um elogio à grandeza e dedicação do último eunuco — o que abdicou de sexo pelo reino?
Alguém que diz que crê que o Evangelho é Palavra de Deus e a completação histórica de tudo o que antes se dissera nas Escrituras Antigas [e que em Cristo Jesus ficaram obsoletas; posto que Jesus é a plenitude de todo desejo de Deus e de todo modo de Deus ser para os homens] — e, assim mesmo, conseguir tal pessoa esquecer que Jesus não deu atenção a nada disso e que, portanto, tentar absolutizar tais temas é um estelionato contra o modo e o espírito de Jesus segundo os evangelhos?
Assim, estou fora disso, tanto para defender como para atacar; pois, a Boa Nova não passa nem na porta dos temas dos pecadores-fariseus-perversos e nem na dos pecadores legalistas e judiciosos.
A esses e às suas brigas de defuntos, Jesus diria o que disse quando o tema era ainda muito mais importante: “Deixa aos mortos sepultarem os seus próprios mortos; quanto a ti, vai e prega o reino de Deus”.
Quem quiser fazer diferente que o faça (contra ou a favor), mas tenha a macheza [seja ela homofóbica ou heterofóbica] de pelo menos fazer isso em nome de suas idéias e morais, mas nunca em nome de Jesus; pois, é tomar o nome de Deus em vão; é ideologizar o Evangelho para uma causa que Jesus nem defendeu e nem atacou; e é trazer Jesus para a discussão do pinto e do anus, o que só é concebível em gente sem cetro e sem coroa no sentir, no pensar, no discernir, e na segurança pessoal.
Fonte: www.caiofabio.net
MEU COMENTÁRIO: O texto do Caio Fábio escrito em 2007, provocou revolta em alguns pastores e blogueiros na época. Mas na minha modesta opinião, ele deveria ser objeto de mais reflexão, e não de uma crítica apressada. De imediato, gostaria de dizer que não concordo com ele na íntegra, pois é evidente que na época do ministério terreno de Jesus e do apóstolo Paulo, além das diferenças sócio-culturais-temporais, não havia democracia e nem liberdade de expressão. Existe uma minissérie chamada "Roma", disponível nas locadoras, que mostra bem o contexto do mundo romano, antes da influência do cristianismo. Também gostaria de deixar bem claro, que não sou a favor da aprovação da PLC 122/06, pois já existem leis sobre discriminação, de raça, sexo, religião e etnia, bastando haver o efetivo cumprimento delas e não criar uma nova. A elaboração do texto do projeto é confusa e só tem promovido polêmica. O movimento LGBT é ideológico, não tendo adesão nem mesmo de todos os homossexuais, como era o caso do ex-deputado Clodovil, que não o apoiava, fato esse admitido recentemente por um dos expoentes do movimento, o deputado e ex-BBB Brasil, Jean Willis. Agora, fico olhando para os debatedores dentro e fora do Congresso Nacional: Do lado da causa gay se destacam, Jean Willis, Marta Suplicy, atual relatora do projeto no senado, que quando deputada em 1995, foi autora de um projeto de união civil para pessoas do mesmo sexo. Do lado contra tem os deputado Jair Bolsonaro, Antony Garotinho e os senadores Marcelo Crivella e Magno Malta. Fora do Congresso, a CNBB foi uma das primeiras instituições a se manifestar assim que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre os homossexuais, e o Pr. Silas Malafaia gritando na TV e organizando uma manifestação para o dia 01 de junho em Brasília, isso enquanto intercala as críticas a PLC 122/06, com as feitas à Diretoria da CGADB. Dado o histórico dos que se dizem "representantes dos evangélicos, da família e dos bons costumes", fica a dúvida se o texto do Caio Fábio não tem lá suas razões, pois lendo o Novo Testamento fica difícil ver Jesus ou o apóstolo Paulo entrando numa briga dessas.
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