Subsídio para EBD - A enfermidade na vida do crente
Cristianismo

Subsídio para EBD - A enfermidade na vida do crente


A Teologia da Prosperidade, defende uma espécie de blindagem dos supercrentes contra as enfermidades. Para seus adeptos, a enfermidade é resultante de pecado ou falta de fé. A primeira pergunta que se vem quando abordamos a questão da enfermidade envolve a origem do sofrimento humano.

Mas onde o sofrimento humano teve sua origem? Já fazia parte do plano de Deus, ou foi resultado de alguma coisa que contradizia a intenção divina para com a criação? A Bíblia, no sentido global, ensina a segunda posição. Não se quer dizer com isto que Deus não antevia a possibilidade do sofrimento. Muito pelo contrário. A Bíblia expressa claramente que Ele o levara em conta: Jesus Cristo é o Cordeiro “que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Deus não foi tomado de surpresa.

A questão que se nos apresenta, de máxima importância, é se foi o próprio Deus quem determinou que houvesse o sofrimento humano. A Bíblia deixa claro que não. O sofrimento humano é consequencia da queda de Adão, não da vontade de Deus. Deus condena a maldade humana. Adão, nosso representante no Jardim, trouxe a condenação a todos nós, ato que não surgiu da volição de Deus, mas da vontade do homem. O desejo de Deus é certamente abençoar a sua criação, e não prejudicá-la (Gn 12.3; Tg 1.17).

Essa última verdade bíblica indica, então, a origem do sofrimento humano: nossa condição de caídos no pecado. A culpa recai sobre Adão e seus descendentes, e não sobre Deus. James Crenshaw indica que, no Antigo Testamento, a questão não era teodiceia [gr. Theós, “Deus” e dikê, “justiça”] – ou como podemos afirmar que Deus é justo –, mas “antropodiceia” [do grego antropos, “homem” e dikê, “justiça”] – como podemos justificar os seres humanos.

A Queda foi o resultado da rebelião de Adão, catastrófica em seus resultados e cósmica nas suas proporções. O mundo, no seu estado edênico, desconhecia o sofrimento humano. E, nos novos céus e nova Terra de Deus, o sofrimento tampouco subsistirá. O sofrimento é fundamentalmente contrário à vontade de Deus.

Alguns talvez argumentem que o sofrimento não existiria se não fosse da vontade de Deus. Há duas respostas para refutar esse argumento. A primeira é que o sofrimento existe sob os auspícios do reino justo de Deus, que o tolera mesmo sem ter sido elaborado ou desejado por Ele. A segunda é que existem neste mundo muitas coisas, tais como o próprio pecado, também provisoriamente toleradas por Deus.

Porém, assim como a Bíblia informa que virá o tempo em que o pecado será vencido para sempre, prediz também o tempo em que o sofrimento humano não mais existirá (Ap 21.4). O fato da existência do pecado e do sofrimento não indica serem da vontade de Deus. Embora Deus tenha optado por permitir a existência do pecado e da enfermidade, ambos são contradições fundamentais à intenção divina para com a criação. O mundo e tudo quanto nele existia era, segundo o testemunho mais antigo das Escrituras, “muito bom” (Gn 1.31). Não há fundamento bíblico para se supor que o desejo de Deus fosse o de uma criação contorcendo-se pelas dores da Queda. Tais agonias foram provocadas pelo ser humano, e Deus foi ao extremo para corrigir esse estado, por meio de um plano de redenção.

O domínio dos poderes das trevas também afeta a realidade presente do sofrimento. Herman Ridderbos diz que “não somente o pecado, mas também o sofrimento, a opressão, a ansiedade e a adversidade pertencem ao domínio de Satanás” (ver 1 Co 5.5; 2Co 12.7; 1 Ts 2,18; 1Tm 1.20). A experiência presente do universo criado deve-se não à vontade de Deus, mas “ao fato de o cosmo ser o mundo virado contra Deus”.

Embora não devamos nos basear em documentos extrabíblicos como fonte de doutrina, alguns demonstram com muita clareza que o próprio Judaísmo sustentava ser o sofrimento humano consequencia da rebelião do homem, e não da vontade divina: “Embora as coisas tenham sido criadas na sua plenitude, foram corrompidas quando o primeiro homem pecou, e não voltarão à sua condição ideal antes da vinda de Ben Perez [o Messias]” [Enst Kasemann, Commentary on Romans, trad. e ed. Geoffrey W. Bromiley (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1980), 233. “Gênesis Rabbah” 12.6, Midrash Rabbah, Rabbi H. Freeman, trad.]. Este texto demonstra claramente as expectativas messiânicas do povo judaico nos tempos de Jesus. Não admira que seus milagres suscitassem tanta emoção e admiração. Eram os sinais do Messias, que restauraria o mundo caído, bem como os seus habitantes. Os milagres de cura, operados por Jesus, revelam que o desejo de Deus é restaurar, tanto física quanto espiritualmente, a humanidade arruinada.

A Palavra de Deus nos garante a possibilidade da cura, mas não que essa aconteça. A igreja deve orar pelos enfermos, mas saber que esta se encontra debaixo da soberania de Deus. Enquanto a cura não vem, ao invés de isolar o enfermo, a igreja precisa atuar, orando e auxiliando. Palavras de conforto e confiança ajudam, pois, apesar da dor, temos certeza que as aflições do tempo presente não se comparam com a glória que em nós será revelada (Rm. 8.18).

Bibliografia:

WILLIAMS, J. Rodman. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD.

DUNN, R. Por que Deus não me cura? São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

JOHNSON, B. Como receber a cura divina. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.




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