Subsídio para EBD - A criação dos Céus e da Terra
Cristianismo

Subsídio para EBD - A criação dos Céus e da Terra


 

Lendo tanto o comentário da lição da CPAD, quanto alguns subsídios postados sobre a lição, incluindo alguns sites e blogs sobre criacionismo e desing inteligente, vi afirmações que me deixaram meio desanimado. Eu fiquei pensando será que eles pensam assim mesmo, ou só estão dizendo isso para agradar seus superiores e não perder eleitores e simpatizantes? Ou será que foram tão condicionados que a mente não se abriu nem um pouquinho? Veja algumas dessas afirmações abaixo:

1- O Gênesis é literal, mesmo os capítulos 1 a 3;
2 -O mundo foi criado em seis dias de 24 horas;
3 -A teoria da evolução é uma suposição anti-bíblica e totalmente ilógica e não científica na medida em que supõe efeito sem causa ou propósito e afirma algo de que não temos nem registros fósseis, nem observações científicas. Para quem apresenta um currículo com várias formações incluindo alguns "Ths" em Teologia, essa foi de doer!

 
Gênesis 1 a 3 - Literal ou mítico?
Puxa vida gente, dizer que a narrativa do livro do Gênesis dos capítulos 1 a 3 é mítica, não significa que é mentira, engano, falsidade e fantasia! Pelo contrário a narrativa é claramente mítica e completamente verdadeira.


O mito não significa mentira, engano, falsidade e fantasia. O mito é uma linguagem universal usada na perspectiva de revelar por figuras, símbolos e arquétipos, aquilo que não se viu como ocorrência, mas que se sabe corresponder à verdade do que foi gerado.

Nossa tolice é tão grande que nos prende à narrativas de configuração e linguagem mítica de forma literal como se a fé só fosse fé se todas as coisas tiverem sido literais.

A Escritura tem todo tipo de linguagem. Começa com a mítica, entra na semi-histórica, adentra a histórica, se utiliza da simbólica, expressa a alegórica, a metafórica, e também a literal. Ora, se a Escritura se utiliza de todas essas linguagens, não faz sentido usar apenas a visão literal na hora de lê-la, se há outras formas de linguagem em uso no próprio texto. Cada texto tem que de ser lido e discernido conforme a sua linguagem. E a Escritura não inicia dizendo que linguagem está usando, apenas porque é obvio quando uma certa linguagem está sendo praticada. 
 
Creio que houve muitas eras e ciclos de vida no chão que habitamos (depois falaremos sobre a teoria do hiato ou intervalo). Creio que a narrativa do Gênesis mostra o significado divino de todas as existências, e revela o lugar especialmente importante do homem na criação. Creio que a “queda” aconteceu, e que o dialogo de Eva com a Serpente foi uma realidade, porém, a linguagem usada para nos contar algo que teve seu lugar muito mais na dimensão psicológica, é, própria e adequadamente, de natureza mítica. Creio que tudo o que ali está dito é tão mais belo e verdadeiro quanto mais se lê o texto conforme a natureza de sua linguagem. Aliás, somente desse modo o texto deixa de parecer estória da carochinha. Lendo-o como mito ele cresce ainda mais em seu significado como representação não-jornalística da verdade, e que nem por não ser “jornalística” deixa de ser verdadeira.

O Gênesis apresenta o fenômeno do que nos aconteceu como espécie, e usa a única linguagem possível, em se tratando de coisas para as quais a consciência não tinha meios de perceber se não como linguagem fenomenológica.

As culturas dos povos, quase todas elas, são extremamente parecidas com a linguagem do Gênesis. O que apenas prova a realidade de que o Inconsciente Coletivo da Humanidade está saturado com a mesma verdade e com os mesmos conteúdos, variando apenas na forma do mito.

O modo mítico como o Gênesis relata a criação da consciência humana é, na minha pobre maneira de ver, o mais perfeito de todos. No entanto, a linguagem é mítica; e é a mais própria de todas as linguagens míticas.

Mito, portanto, não é o que não é, mas sim o que é; só que sendo contado de uma forma atemporal, não envelhecível, não necessitada de re-atualizações históricas freqüentes.

Você já imaginou se há quase quatro mil anos a Escritura contasse a criação do homem do modo como ela pode ter “de fato” acontecido? Quem entenderia o quê? Desse modo, a Escritura usa uma Linguagem Perene a fim de relatar aquilo que não seria jamais compreendido sem que a linguagem fosse mítica. Para os antigos era a única linguagem possível; e continua a ser a única possível para nós também.

Na realidade as pessoas não entram nesse assunto não é por medo de perderem a fé, mas por temor de serem “interpretadas” como tendo perdido a fé.

Ora, o Gênesis, em seu inicio, é mítico, o restante não é. A ressurreição de Jesus, todavia, não é narrada com linguagem mítica, mas histórica. Assim, deve-se ler o Gênesis conforme a linguagem proposta, e os Evangelhos, conforme a linguagem histórica narrativa com a qual ele está carregado. 

Criação do mundo em seis dias ou eras?
Sobre os "dias da criação", devo dizer que há linhas de pensamento teológico que reconhecem que os textos que falam de "dias" na verdade se referem a "eras" e que o planeta não fora construído em seis dias literais de 24 horas.
 
Na realidade o próprio Gênesis descreve um outro conceito de “dia”. Primeiro trata-se de um dia com “D” maiúsculo. Segundo, trata-se de um dia que não é como nenhum outro conceito de dia nas culturas humanas; pois, o Dia do Gênesis começa à tarde e termina pela manhã. “E houve tarde e manhã o... Dia”.
Assim, tal Dia nasce no entardecer, nasce do ocaso, nasce do caos, e caminha para o alvorecer de um novo Dia. Tal conceito faz sentido com toda a dinâmica Universal, na qual, todas as novas Eras ou Aions, são precedidos por caos, por estados sem forma e vazios.
Ora, o próprio profeta Joel, ao falar do Aion do Espírito sobre toda carne, cria um cenário de caos: “fogo, sangue e vapor de fumo...” O Apocalipse, coerentemente com todas as falas de Jesus, também é claro quando trás o eterno Aion (A Nova Jerusalém) — após um estado de caos universal.
Se olharmos para a história arqueológica e paleontológica, veremos que todas as grandes mudanças na Terra, com a adaptação e prevalência de novas espécies, sempre aconteceu após grandes catástrofes. E isto faz sentido com a idéia bíblica do Dilúvio; e ou com a afirmação acerca do sepultamento do “mundo antigo”.
O Gênesis, portanto, mantém esse principio; pois tanto o mundo é criado do caos que o precedeu (“... a terra, porém, estava catastrófica e vazia...” — diz o texto hebraico), como também o “Dia” de cada nova criação, começa no “entardecer” e caminha para o novo, para o “alvorecer”. Assim, sem irmos mais além, fica insinuado que é assim.
Para quem crê em Deus, tanto faz. Deus é Deus. Tanto pode criar tudo em seis frames de segundos, como em seis segundos, como em seis horas, como em seis dias, como em seis aions de tempo desconhecido — ou seja: para além de nossas mensurabilidades. O que vale dizer é que foram seis “Dias”; e que foram Dias que começaram no entardecer de um aion e caminharam para o alvorecer de um outro.
Afinal, o que interessa ao ser humano e à sua esperança existencial, não é o tamanho do Dia do Gênesis, mas sim que Jesus ressuscitou ao terceiro dia depois da Cruz, em nossa cronologia histórica.

A teoria da Evolução

 
Não sou Criacionista e muito menos um Evolucionista.
O Criacionismo é uma teoria altamente ideológica e é tola na pressuposição de que o Gênesis possa ser estudado como um livro de ciências.
Já o Evolucionismo é uma teoria boba quando é ateia. Entretanto, se o modo de Deus criar foi via uma evolução, então, apenas se vê o milagre do modo de Deus criar dentro do processo natural, de dentro para fora; ou seja: Deus na criação, imanente no processo criador gradual. Entretanto, para mim, só é possível imaginar a maravilha de tal criação, se Deus está no processo todo, soberanamente imanente nele; pois, do contrário, não haveria como a quase infinita variedade de vida surgisse; nem a variedade e nem qualquer forma, por mais básica que seja. Não sem matéria e assistência ampla do Criador. Afinal, os elementos constitutivos do Universo não existem de e por si mesmos.
Para mim ambas as teorias são fanáticas e passionais. E ambas são sistêmicas e fechadas. Ou seja: se há “ismos” há Dogmas.
Tenho dito exaustivamente que não trabalho com sistemas fechados quando se trata de Deus e nem da vida.
O que creio então?
Ora, creio no que o Gênesis diz.
O Gênesis, porém, apenas diz que Deus criou tirando do nada. Depois diz que houve catástrofes na Terra, pois, a Terra estava sem forma e vazia, ou, no original: estava catastrófica. E prossegue dizendo que Deus deu a Terra o poder espontâneo decorrente de seus elementos favoráveis à vida pudessem produzir vida. Daí a ênfase seja em “produza a terra”... Ou: “produzam os mares”... . Além disso, o Gênesis diz que a criação na Terra foi bem gradual, não importando o tempo da gradualidade. Interessante: o caminho da criação no Gênesis anda na frente do mesmo caminho evolutivo proposto pela Teoria da Evolução. Ou seja: as seqüências são as mesmas em ambas as descrições, tanto no Gênesis como na Teoria da Evolução.
Prosseguindo:
O Gênesis diz que a criação do homem é descrita como algo especial, misturando os elementos da criação na terra [o material orgânico chamado apenas de lama...] e o sopro divino gerando a psique e a dimensão espiritual de autoconsciência do homem. E conclui dizendo que a autoconsciência no homem é que fazia a distinção mais essencial entre o homem e o resto da criação na Terra. Por quê? Porque é a autoconsciência o grande milagre, e, aparentemente, é algo muito além do poder existente no mecanismo evolutivo... — se for o caso de a criação ter sido por evolução.
Isto é tudo o que se pode saber pela Bíblia!
Pergunto:
O que se precisa, concernentemente fé, mais do que acima está proposto?
O mais é questão de pesquisa e de muito, muito estudo prático e teórico.
E, ao mesmo tempo, para mim fica claro duas coisas: a 1ª é que ninguém sabe ainda “como” de fato foram coisas foram criadas, e, sinceramente, não sei se um dia se saberá; posto que nenhum de nós tenha estado lá. Tanto a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, quanto a Teoria do Big Bang, surgiram no século XX.
 
Ora, se não podemos ter certezas acerca de muitas coisas contemporâneas e abertas a todas as formas de estudos laboratoriais e empíricos — pergunto: Como se saberá com certeza qualquer coisa relativa aos processos e às formas que todas essas coisas tiveram de fato?
 
Todas as formas de fanatismo impedem o raciocínio e a reflexão.
 
Em outras lições, falarei sobre o dispensacionalismo e a teoria do hiato.
 
Sugestão de leitura, matéria da revista Época sobre as teorias da criação:http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT884203-1664-9,00.html
 
 



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