Quem eram os filhos de Deus em Gênesis 6? O que houve de tão grave para Deus destruir o mundo antigo?
Cristianismo

Quem eram os filhos de Deus em Gênesis 6? O que houve de tão grave para Deus destruir o mundo antigo?



Uma das passagens que geram e geraram controvérsias no decorrer dos séculos é justamente a de Gênesis 6, onde diz que os filhos de Deus desejaram as mulheres, filhas dos homens e com elas se relacionaram e tiveram filhos, que foram os gigantes, os valentes da antiguidade, ou os Nephilins.

Nefilim, do hebraico נְפִלנ ְפִיל nefilím, que significa desertores, caídos, derrubados, mas tal termo é uma variação do termo נָפַל. Deriva da forma causativa do verbo nafál ou nefal (cair,queda,derrubar,cortar). Traz uma ideia de dividido, falho, queda, perdido, mentiroso, desertor.

Os teológos e estudiosos da Bíblia até hoje divergem sobre a natureza dos Nephilim e dos "Filhos de Deus", mencionados em Gn 6. Há duas possíveis interpretações:

1) G. H. Pember argumenta em favor da teoria que diz que os "Filhos de Deus" de Gn 6 são na verdade anjos que vieram a Terra para terem intercurso com mulheres, tiveram filhos, sendo por isso punidos e lançados no inferno, segundo a Segunda Epístola de Pedro 2:4 (é interessante notar que no original a palavra não é "inferno", e sim "tártaro" :na mitologia grega,tártaro,era o sub-nivel do Hades para os amaldiçoados.), e seus filhos se tornaram pessoas híbridas, metade humano, metade angélico (ver As Eras Mais Primitivas da Terra). Essa teoria é defendida por teólogos como John Fleming (1), S. R. Maitland (2), Caio Fábio (ideia advogada no seu livro de ficção Nephilim), Charles Ryrie, em sua Bíblia de estudo e pela maioria dos primeiros cristãos. Esteve em voga na Idade Média É também o ponto de vista de Fílon de Alexandria e dos apócrifos de Enoque e do Testamento dos Doze Patriarcas.

2) Teoria de que não eram anjos, mas sim descendentes de Sete, que ainda seguiam a Deus. As "filhas dos homens" eram filhas de Caim, afastadas de Deus, e seus filhos foram heróis posteriormente, mas a Bíblia considera-os caídos, porque se afastaram de Deus. Argumenta-se que os anjos não podem procriar e que "filhos de Deus" referia-se aos seguidores de Deus. Essa teoria foi propagada por Agostinho, C. I. Scofield, Gordon Lindsay, entre outros, sendo a mais aceita. (ver uma defesa desta teoria [1]).

3) Há outras teorias como a de pano de fundo evolucionista que diz que os "filhos de Deus" eram descendentes de Adão e as "filhas dos homens" de uma raça inferior, como, por exemplo, a Neandertal. Atualmente há pesquisas científicas que dizem que aproximadamente 4% de nosso DNA é de origem Neandertal. Alguns veem aí a comprovaçao desta linha teórica.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nefilim

Eu, particularmente, sigo a linha de pensamento que crê que os filhos de Deus eram anjos. O principal argumento contra o envolvimento sexual entre os anjos e as mulheres é tirado de uma passagem neo-testamentária, em que Jesus afirma que no céu todos seremos como os anjos, que não se casam, nem se dão em casamento. Concluiu-se, daí, que os anjos são seres assexuados, e que, portanto, não poderiam ter coabitado com as mulheres, nem tampouco lhe dado filhos.

Mas basta um exame mais acurado do texto (Mt.22:30), e veremos o que realmente Jesus quis dizer. Ele disse: “Na ressurreição nem se casam nem são dados em casamento; serão os anjos de Deus no céu”. Repare o detalhe “no céu”. De fato, no céu, os anjos são seres espirituais, que não podem se casar, ou manter qualquer tipo de atividade sexual. Entretanto, somos informados por Judas que esses anjos “deixaram a sua própria habitação” (Jd.6). Ao descer à terra, eles assumiram corpos físicos, bem semelhantes aos dos seres humanos.

O outro argumento de que os filhos de Deus são identificados como os filhos de Sete, pelo fato de esses constituírem a boa linhagem de onde viria o Messias. Já a descendência de Caim não tinha temor de Deus, e era conhecida por sua impiedade. Se os filhos de Deus eram os filhos de Sete, e as filhas dos homens eram as filhas de Caim, como a união entre essas duas linhagens pôde produzir gigantes? Não conheço qualquer caso de casais onde o marido é crente e a esposa incrédula que tenha produzido filhos gigantes, ou mesmo, uma descendência maligna. Pelo contrário. O apóstolo Paulo diz que “o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente. Doutra sorte os vossos filhos seriam impuros, mas agora são santos” (1 Co.7:14). 

O que as Escrituras dizem sobre os anjos é que são ministros de Deus em favor dos que hão de herdar a salvação. Além disso, o próprio termo, anjo, significa mensageiro. Os vemos durante toda a narrativa bíblica, do Velho ao Novo Testamentos.
Entretanto, é possível ver que as manifestações deles mudam conforme os tempos e épocas. No V.T. há anjos tão humanos que comem e bebem, além de serem até mesmo objeto de desejo sexual dos de Sodoma. No livro de Juízes há um anjo que prega, o qual é chamado de o Anjo do Senhor.

As Epístolas de Pedro e Judas, dizem que os anjos "não guardaram a sua habitação", "foram após outra carne". Tanto 2º Pedro como Judas citam trechos do livro de Enoque.  

O Livro de Enoque é um texto escrito cerca de 300 anos antes de Cristo. Sim, nele há coisas muito belas. E além de coisas belas há muita verdade espiritual também sendo afirmada. Também não há dúvida que o que se diz dos anjos no Livro de Enoque afetou profundamente a visão dos escritores do N.T.

Paulo, por exemplo, quando fala de “céus” (3º céu), está aludindo a algo que é apresentado no Livro de Enoque. Também não há dúvidas de que tanto Pedro quanto Judas se inspiraram nas histórias de Enoque. Judas chega mesmo a mencionar explicitamente o texto. E, a meu ver, eles assim o fizeram porque no Livro de Enoque há uma mensagem verdadeira sobre significados espirituais.

Entretanto, embora creia que há muitas coisas verdadeiras em Enoque, também creio que ele não faz falta na Bíblia. O fato dele ser citado ou usado pelos apóstolos, não necessariamente deveria fazer com que ele estivesse nas Escrituras. Jesus, pelo menos, não sentiu falta dele. Mencionou as Escrituras e, em momento algum, reclamou da falta de que qualquer que fosse o livro-ausente. E foi assim porque em Jesus anjos são apenas anjos, e não seres para serem objeto de nossa preocupação especial. Entendo que, qualquer tentativa de criar uma relação espiritual com os anjos, segundo o espírito do N.T., é pagã.

Sobre Gênesis 6, quando se fala que “os filhos de Deus” possuíram as “filhas dos homens”, o que se deve dizer é que até Agostinho era opinião unânime, tanto no judaísmo como também entre os primeiros cristãos que se tratava de anjos mesmo. Foi depois de Agostinho que começou a “interpretação” de que os tais “filhos de Deus” eram os membros da descendência de Sete; filho de Adão. Nesse caso, tal “mistura” teria sido entre humanos: os descendentes de Sete com os descendentes de Caim.

Pessoalmente eu não tenho dificuldade alguma para crer que se anjos podem comer carne e aparecerem de modo humano, podem também manifestar-se de outro modo; ou seja: podem ter relações sexuais. Além disso, eles também podem ter possuído tão profundamente humanos daquela geração pré-diluviana, que algo especialmente denso pode ter afetado a própria constituição dos humanos; daí os filhos que geraram terem sido “gigantes”. 

Mas eu volto a outra pergunta do título da postagem: O que houve de tão grave para Deus decidir destruir o mundo antigo, tanto a raça humana como até mesmo os animais, Gen. 6:7?

Misturas entre linhagens e povos que serviam ao Senhor e que não serviam, foram punidas em outras ocasiões, mas nem por isso, Deus quis destruir o mundo. O que aconteceu ali, foi uma tentativa de alteração genética da raça humana por parte dos anjos e até dos animais. A designação de animais "puros ou impuros", pode ter sua origem aí. O apóstolo Paulo deveria ser adepto dessa linha de pensamento, pois em I Coríntios 11:10, ele diz que a mulher deveria ter sobre sua cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos.

Ao tentar alterar a semente da mulher, os anjos rebeldes poderiam estar tentando imitar ou querer impedir a profecia do nascimento do "descendente da semente da mulher", conforme Gen. 3:15.

Esse evento bizarro encontra eco nas lendas e mitos da cada cultura antiga do planeta. Gregos, egípcios, hindus, índios, e praticamente todos os demais povos contam acerca do envolvimento de seres humanos com seres celestiais. Flavio Josefo, o grande historiador judeu do século I, faz paralelos entre o fato bíblico e a mitologia greco-romana. O texto de Gênesis diz que os seres híbridos engendrados pelos anjos “foram valentes, os homens de renome que houve na Antiguidade” (Gn.6:4b). A mitologia não deve ser entendida como mera invenção do gênio humano. Ela surge no solo fecundo das tradições, das lendas, que nada mais são do que fatos corrompidos de verdades primitivas. É muito comum encontrarmos lendas como a de Hércules, fruto do casamento entre Zeus e uma mulher. Assim como é comum encontrarmos lendas sobre o dilúvio. Esses são pontos convergentes em todas as tradições religiosas do mundo.

Em praticamente todas as culturas antigas pode-se encontrar histórias semelhantes sobre a presença de “deuses”. Entre os egípcios, encontramos Ísis e Osíris. Entre os povos da Índia e do Tibete, encontramos lendas sobre a cidade de Shambala e os “Budas” ou “deuses” que teriam trazido ciência e sabedoria para os seus povos. A intromissão dos Nefilins entre as diversas culturas da terra explicaria, por exemplo, como a civilização Asteca, Inca e Maia adquiriu tanto conhecimento nas diversas áreas científicas, sendo capazes de produzir sofisticados calendários e mapas estelares.

Jesus disse que os últimos dias seriam como os dias de Noé (Mateus 24: 37,38), e o profeta Daniel fala que haveria também uma tentativa de misturar com a semente humana (Dan 2:43), talvez já sendo previsão do avanço da genética e da tecnologia. Ou seja, os tempos são difíceis e deverão acontecer coisas mais assombrosas ainda.

Maranatha! Ora vem Senhor Jesus!









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