Dom de Línguas - Eram humanas, para uma finalidade e para um período próprio!
Cristianismo

Dom de Línguas - Eram humanas, para uma finalidade e para um período próprio!



Defendem que este é um padrão que deve ser considerado importante na formação do cristão, pois leem 1 Co 14.4 - "O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja" - acreditando que esta colocação de Paulo é uma exortação a que os cristão falem em línguas, nem que isto seja para sua edificação. Isto é um mito. Apesar do texto dizer que o que fala em línguas edifica si próprio, o objetivo de Paulo é mostrar que os Coríntios deveriam cuidar da edificação coletiva. Se formos considerar o objetivo da carta aos Coríntios neste ponto em questão, devemos levar em conta que Paulo não está exortando ou incentivando a que falassem em línguas para que cada um saia edificado. Ele está corrigindo o egoísmo dos cristãos de Corinto, os exortando a profetizar.
O dom de línguas no contexto em que ele aparece está intimamente vinculado ao dever de proclamação. O profetizar em 1Co 14.3 é nada mais do que dizer, ou revelar o que as línguas desconhecidas queriam dizer sobre as verdades espirituais. O falar mistérios (1Co 14.2) é falar o que não é conhecido. Não são as línguas um mistério, mas o que Deus quer dizer por meio delas. O pentecostalismo ao dar enfase ao termo "mistério" subverteu o texto de 1Co 14.2, que diz que "em espírito (o crente) fala mistérios". Para o pentecostal, agora o crente fala “em” mistério. Este mistério para eles são as línguas.  Elas também são mistérios porque acreditam que são línguas angelicais, desconsiderando totalmente que toda vezes que as línguas foram faladas, elas estavam em um contexto de diversidade de cultura, logo de idiomas. para os pentecostais estas línguas servem para a edificação individual e como continuístas, dizem que isto é uma evidência daqueles que foram batizados no Espírito Santo.
Neste estudo, vamos compreender que as línguas estranhas faladas eram para proclamação e edificação coletiva, eram línguas estrangeiras e humanas, jamais foram angelicais. Veremos também que estas línguas eram uma evidência para incrédulos, inseridos num propósito de evangelização e que estas línguas cumpriam um propósito para um período, portanto, cumprindo seu propósito, já cessaram . O que a Bíblia tem a dizer sobre o tema?
Há pelo menos 6 textos que mencionam línguas como um dom:
Mc 16.17; At 2.1-12; At 10.46; At 19.6; 1Co 12.10, 28, 30; 1Co 14.1-39
Um dos argumentos muito usado para justificar a existência de uma língua angelical é a maneira como as versões apresentam as qualidades das línguas (novas, outras, variadas ou estranhas). O argumento é construído da seguinte forma: “Ora, se a língua é estranha, então é porque os homens não a conhecem, logo deve vir do céu.” Outra coisa muito comum para este argumento é que o falar mistérios significam coisas fora de compreensão.
Entendendo a estranheza da língua
Quando as versões Bíblicas trazem as palavras “novas, outras, variadas ou estranhas” é muito comum as pessoas associarem estas palavras a língua de anjos. Mas precisamos deixar claro que não há evidência na Bíblia de que alguém falou em língua de anjos. O fato de aparecer num texto a palavra “estranha” com relação a uma língua, não significa que esta estranheza venha de algo celestial ou angelical, até porque como já foi dito, não há nenhum texto que afirme que alguém falou em língua de anjos. Então, que línguas são essas?
Dos 6 textos acima onde línguas aparecem como dom, 2 deles só mencionam que o dom é uma distribuição divina (Mc 16.17; 1 Co 12.10, 28, 30). Estes nada explicam e seu exercício ou função.
Restam 4, destes 4, 3 mostram o dom sendo exercido publicamente (At 2.1-12; 10.46; 19.6) e 1 texto explica a finalidade do dom.
Vamos examinar os 3 textos e verificar o seguinte: não houve manifestação alguma de línguas angelicais neles.
1. At 2.1-12
Quando desceu o Espírito Santo sobre os que estavam reunidos, o que lemos é que eles começaram a falar em outras línguas (v.4)
Mas quais línguas?
Segundo os próprios ouvintes, cada um na sua própria língua (idioma) de origem (vs. 8-11). Os medos, partos, cirineus e assim por diante estavam atônitos por um simples fato:
Não são galileus todos os que estão falando?” (v.7)
Ou seja, os galileus falam no máximo aramaico (ainda que houvesse uma certa influência do grego no meio deles), e na ocasião, por distribuição do Espírito Santo, os galileus falavam em línguas que eles mesmos não conheciam. Eles falavam na língua dos outros povos.
2. At 10.46
Este é um texto que mau interpretado tem servido para os que acreditam que a distribuição de língua angelical é Bíblica. Isto porque alguns anulam detalhes simples de se observar na ocasião em que este grupo falou em línguas.
Pegue todo o capítulo 10 e veja que alguns personagens são centrais, estes são “Pedro e Cornélio”. Nesta ocasião temos que levantar algumas coisas importantes.
Cornélio
1. Natural de onde? – Roma2.Ocupação – ­soldado de patente alta (pretoriano) do exército romano3. Sua língua de origem – Latim4. Outras línguas que poderia falar – grego e aramaico (sua função exigia um grau de intelectualidade e habilidade com outras línguas, uma vez que ele vivia na cidade de Cesareia, em Israel e que Roma enviava seus soldados a muitas terras estrangeiras.
Pedro
1.Natural de onde? – Galileia (era judeu)2. Ocupação – pescador3. Sua língua de origem – Aramaico4.Outras línguas que poderia falar – nenhuma além da sua de origem, sua ocupação como pescador não o exigia ter algum contato com alguém de fala estrangeira.
Se levarmos em conta que todos falaram em línguas ali na casa de Cornélio que era um romano, e que Pedro era galileu, vem a tona a pergunta: “Que língua falou Pedro”?
Na ocasião Pedro vai a casa de Cornélio para compartilhar das maravilhas de Cristo e proclamar o evangelho, pois Cornélio e os outros presentes precisavam receber a mensagem de fé. Pedro obviamente falou em aramaico, pois Cornélio e os da sua casa falavam também esta língua. Logo depois da pregação de Pedro os presentes ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas.
Em At 11.1-3, Pedro é questionado pelos apóstolos e os outros judeus sobre sua pregação na casa de Cornélio. A pergunta foi:
“Como estes ficaram sabendo disso?”
A pergunta é bem clara e objetiva, quem perguntou isto a Pedro sabia o que os da casa de Cornélio falavam. O que eles ficaram sabendo naquele momento? Possivelmente muitas coisas a respeito de Cristo e começaram a proclamar numa língua que não era a deles. Se judeus sem conhecimento da língua romana, frios e incrédulos, ouviram algo na casa de Cornélio, eles ouviram a proclamação do evangelho em sua língua para que também pudessem crer. Segue-se o mesmo padrão de At 2.1-12.
No mínimo algum judeu estava na casa de Cornélio. Afinal, Cesareia, apesar de ser uma província romana em Israel, tinha habitantes judeus que frequentavam a casa do piedoso romano. Algum judeu ouviu tudo o que foi dito. Se este judeus creram na mensagem ou não a Bíblia não trás nenhum relato.
3. At 19.6
Este é outro texto mau compreendido e que deixa no ar uma ideia de que a linguagem de anjos é concedida aos homens. Entre At 18.24 e 19.6 aparece o personagem Apolo pregando a judeus em Éfeso.
Apolo tem quase as mesmas características que identificamos em Cornélio, era um estrangeiro que convivia com judeus, sua língua deveria ser o grego, pois em Éfeso, região da Ásia Menor esta língua predominava. Sua ocupação é desconhecida. Havia uma mistura clara de fala judaica e grega na região de Éfeso. Note que a pregação era destinada aos judeus e que o Espírito Santo concedeu que a mensagem fosse provavelmente levada a eles na linguagem judaica, para que os judeus entendessem a pregação e não só a manifestação.
Pare e pense - A finalidade das línguas
Avalie At 10.46 e 19.6 e perceba que há sempre judeus no meio, até mesmo os que eram prosélitos (At 2.1-12). Nos capítulos 2; 10 e 19 de Atos dos Apóstolos sempre houveram judeus questionando os eventos mencionados. Em At 11 vemos a indignação dos judeus ao saberem que Pedro foi a casa de um romano e que os romanos que estavam ali receberam o Espírito Santo. Esta observação nos conduz para uma reflexão sobre o propósito fundamental do dom línguas naquele período, e que é mencionado em 1 Co 14.
A manifestação é um sinal para os incrédulos (v.22). As manifestações distribuídas e avaliadas até aqui sempre estavam ligadas ao fato de proclamar a Jesus Cristo aos judeus, que se achavam donos das bênçãos divinas. Também aos que não eram judeus, que eram chamados de escória, que também estavam na incredulidade. Todas as manifestações estavam ligadas a anunciar a verdade de Jesus Cristo, por isso que a linguagem humana é intimamente ligada ao dom de línguas e não de anjos. O que mais impressiona e comprova esta questão tão polêmica e mau resolvida é que Paulo em 1 Co 14.21 repete o que Isaías já havia dito:
Assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará a este povo.” (Is 28:11)
A conexão dos textos afirmam que a linguagem estrangeira e não a angelical seria o canal de comunicação para um período onde um número muito grande de variedades de idioma estava presente na missão da igreja. Então, tudo o que vimos até aqui é que o dom de línguas era útil para os incrédulos num contexto em que a mensagem poderia ser universalizada, pois seus primeiros anunciadores na ocasião não falavam mais do que dois idiomas. Fazia-se necessário que algo extraordinário acontecesse para que etíopes, medos, gregos ou romanos pudessem compreender a anunciação das boas novas.
Conclusão
John Piper, diz que “os textos possuem argumentos, ideias e significado”, Qual é o grande problema para esta questão e todas as outras que surgem sobre os temas Bíblicos? Este problema é uma junção entre desistência, que leva ao eu acho e por fim arrogância. Vamos entender isto?
Quando você lê um texto, nele já existem conclusões, existe uma verdade, e isto precisa ser garimpado. Mas se o problema inicial é uma desistência de garimpar o texto, como acharemos a verdade? Isto fatalmente nos levará a ao que muitos chamam de o eu acho. Geralmente, quando não sabemos exatamente o que dizer sobre algum assunto, ou responder a alguma pergunta, nós iniciamos a frase assim: “eu acho”. Isto mascara o que é a verdade, a verdade não é o “eu acho”. Por último, depois de desistirmos e dar a resposta do eu acho, vem a arrogância. Quando não se tem uma resposta óbvia para um questionamento importante, em geral muitos cristãos apelam para a sua própria experiência para justificar no que acredita. Isto tem levado as pessoas a serem acomodadas e presunçosas, com um tom de espiritualidade. Parece que tudo aquilo que acontece e que não tem uma explicação racional deve ser colocado num pedestal de honra, e quem não quiser seguir isto está cego e fraco espiritualmente.
O que acabamos de ver aqui é que nos é exigido um exame da Palavra de Deus, é um chamado a observarmos o que ela tem a nos oferecer, e quanto mais difícil o texto, mais precisamos estudá-lo para que a verdade salte do texto e nos atinja em cheio.
______________________________Fonte: O Presbiteriano



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_________________________________________________________________ Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação._________________________________________________________________...

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