Diálogos sobre o vinho na Bíblia - Dialogo entre Metushelach Ben Levy e Pastor Alexandre
Cristianismo

Diálogos sobre o vinho na Bíblia - Dialogo entre Metushelach Ben Levy e Pastor Alexandre



Primeiro vou listar as palavras relacionadas ao assunto e o que elas significam:

יין (yayin) = Produto da prensagem de frutas, principalmente da uva, pode tanto significar apenas suco recém extraído, ou bebida fermentada com produção etílica que sempre dilui-se com água, é usado no Tanach (“Antigo Testamento”) em 141 ocasiões e seu significado é esclarecido pelo contexto.

תירוש (tiyrowsh) = vinho fresco ou novo, mosto, vinho recém espremido é usado no Tanach (“Antigo Testamento”) em 38 ocasiões e seu significado é estrito a produto não fermentado de uva.

שכר (shekar) = bebida forte e embriagante (1Sm 1.15; Nm 6.3). , se difere do termo yayin por não ser diluído em água quando se trata de vinho, mas não é especifico para vinho mas genérico a vários tipos de produções etílicas pela fermentação de vegetais como palmeira, romã, maçã e tâmara. É usado no Tanach (“Antigo Testamento”) em 23 ocasiões.


Outras palavras genéricas raramente utilizada para vinho são:

חמר (chemer)=vinho;
מזג (mezeg) = vinho misturado;
עסיס (aciyc) = mosto;
סבא (cobe)= bebida alcoólica.



Respostas

(Gn 9.21). Metushelach, qualquer pessoa podia tomar esta bebida?
Qual o teor alcoólico desta bebida? É comparável ao vinho de hoje (no Brasil)?

R: 1) O termo aqui é yayin, o que nos leva a entender que poderia ser de um simples suco a um vinho encorpado mas diluído, sendo assim qualquer um poderia bebê-lo até crianças, mas segundo o contexto se conclui que era um vinho encorpado que mesmo diluído se tomado em excesso pode causar embriagues grave.
Quanto ao teor alcoólico, nossos Rabinos estimam por deduções de qual era o tipo de terra cultivada, o tipo de uva cultivada, e tempo de fermentação, que o tipo de vinho encorpado sem diluição com água ficasse entre 12 % a 20 % de teor alcoólico, próximo dos vinhos Israelenses Casher de hoje, se diluído como era de costume até a segunda diáspora, o teor ficaria na casa de 8%, clinicamento seria necessário apenas um litro deste vinho diluído para haver embriagues, sendo assim se Noach (Noé) passou de cinco canecos já ficaria alegrinho.

Bebida inebriante, forte (ex.: Lv 10.9). Metushelach, que bebida era esta? Do que era feita?
R: 2) Os termos que aparecem aqui são yayim e shekar, sendo assim pelo contexto temos o vinho encorpado diluído e qualquer bebida com produção etílica a partir da fermentação de vegetais como os comuns nos tempos bíblicos como a palmeira, romã, maçã e tâmara.
Este termo também se aplicaria a fermentação de cereais de costume egípcio e dos atuais beduínos não islâmicos, como cevada, trigo, arroz e etc...levando a produção insipiente dos destilados, mas que particularmente não seria o caso pelo contexto, e note-se que é uma recomendação aos sacerdotes oficiantes.
Mosto: sumo de uvas, antes de terminada a fermentação, vinho fresco ou novo. Suco de uva (ex.: Dt 7.13). Esta palavra está diretamente associada à plantação e colheita, a mantimentos ou alimentos, à prosperidade da terra com seus frutos (cereais, frutas, leite, mel, carne, lã).

Minha dúvida aqui, Metushelach, é se esta bebida era consumida por todos, ou só por mulheres e crianças, e se ela tinha efeito inebriante.
R: 3) O termo aqui é tiyrowsh, é o produto inicial da prensagem da uva e as vezes o próprio escorrer natural do sumo pela fruta, sendo assim um suco natural sem teor alcoólico nenhum que poderia ser consumido por qualquer pessoa.

Ainda outra questão: Há registros do consume pelos Israelitas (e judeus posteriormente) de cerveja ou outras bebidas alcoólicas?
R:4) Há registros de que os que saíram do Egito, que poderiam muito bem ser parte de outros povos em meio aos hebreus tinham o costume, como eu disse acima de beberem o “shekar” a bebida forte que poderia ser os destilados ou a cerveja muito comum aos povos de Mitzraim - Egito.
Hoje em dia os não Ortodoxos, digamos assim os tradicionais não vêem problemas algum em se beber destilados e fermentados em geral, atitudes que eu não compartilho pois o homem não é controlador de seus atos nem sóbrio imagine levemente embriagado.

Como normalmente este assunto leva a famigerada pergunta de que Yeshua fez ou bebeu vinho, eu já me posiciono levando em conta o contexto cultural.


Em Caná, Yeshua transformou água em vinho, oinos em grego,correspondente de yayim em hebraico, como yayim pode ir de um simples suco a um vinho encorpado diluído, levamos em conta a circunstância, o casamento, em casamento se serve vinho encorpado no começo diluído na proporção de 3 para 1, e no fim na proporção de 5 para 1, isso é costume relatado no Talmude e comum hoje em dia nos meios mais religiosos. Podemos crer pelo contexto que Yeshua transformou água em um vinho muito saboroso porem sem muito teor alcoólico, isto é percebido pelo comentários dos convidados que dizer ser o ultimo vinho melhor que o primeiro, não por ser mais forte mas sim por ter mais sabor, pois sempre se dilui mais no final e isso serve para que os já ébrios não fiquem mais ébrios, mas junto com o teor que diminui na proporção de 5 para 1 o sabor, a textura, o odor também ficam prejudicados, Yeshua portanto fez um vinho não embriagante mas com requintado sabor.

Quanto a Ceia, que nada mais era que o Sêder de Pessach (Ceia de Páscoa Judaica), não se há um consenso, pois há grandes divergência entre os nosso Sábios, pois há mandamentos na Torah que antes da Pessach era necessária a retirada das casas de tudo que tivesse levedura que era símbolo do pecado, mas o vinho é levedado por isso fermenta gerando teor alcoólico elevado, sendo assim não se deveria se utilizar de vinho na Ceia, mas por outro aspecto há indicações de que na grande festa de libertação era necessário se alegrar com o fruto da videira, e segundo o Tanach o que garante a alegria do fruto da videira é o seu poder de liberar a alma de suas amarras materiais e ter um maior contato com o transcendente, sendo assim a comemoração da Pessach não poderia faltar o vinho fermentado.

O costume geral em minha comunidade é se utilizar de vinho fermentado na Ceia Pascoal, pois quatro cálices litúrgicos de vinho encorpado diluído nos deixam alegrinhos mas não embriagados.

Mas quanto a afirmar categoricamente quanto a Ceia feita por Yeshua ser com que tipo de vinho, não nos preocupa, cada um faça conforme a inspiração recebida pela Ruach HaKodesh (Espírito Santo).

Apenas nos lembramos de alguns versos de Paulo quando nos é perguntado sobre isso, lembramos mas não contendemos do verso 21 de 1 Coríntios 11, que falar em embriagar-se na ceia, se isso é possível é por que algo com teor alcoólico pode existir, mas isso é irrelevante perto de outras coisas.

Outra curiosidade é que na Ceia é dito fruto da vide ou da videira, e não vinho, mas isso não descarateriza em si, ser utilizado vinho, pois a cada vez que um judeu toma algo proveniente das uvas, incluindo-se o vinho, faz a seguinte benção

BARUCH ATÁ ADONAI, ELOHÊNU MÊLECH HAOLAM BORÉ PERI HAGÁFEN

Bendito és Tu, Adonai, nosso D-us, Rei do Universo, que cria o fruto da videira.

Sendo assim o fruto da videira pode ser vinho.

Espero ter ajudado, e fico muito feliz por poder ser útil, e que possamos continuar a dialogar sobre questões que nos levam ao conhecimento de nosso Pai Eterno, Bendito seja Ele, e nos aproxime da estatura de varão perfeito de seu filho Yeshua.

Fique na Shalom que emana de nosso Mashiach Yeshua


Fonte: Blog Judeu Autonomo



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