Como vivem os "astros da fé"
Cristianismo

Como vivem os "astros da fé"





Eles detestam ser chamados de estrelas. Repetem, insistentemente, que são, na melhor das hipóteses, um mero canal para a graça de Deus. A humildade do discurso, porém, contrasta com a postura de celebridade desses ídolos cristãos e com os números que compõem este que já é o mais expressivo segmento do mercado fonográfico do País. Estima-se que, só em 2011, a produção de discos e DVDs religiosos no Brasil rendeu R$ 1,5 bilhão. Como não poderia deixar de ser, no mesmo ano, os discos e os DVDs mais vendidos, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (Abpd), foram dos astros da fé padre Marcelo Rossi e padre Fábio de Melo, respectivamente.

O domínio não é só católico. Estrelas do mundo gospel têm tido cada vez mais espaço para brilhar. Pudera, hoje o Brasil tem pelo menos 38 milhões de evangélicos, segundo dados do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV). Nomes como Aline Barros, Ana Paula Valadão e Regis Danese são verdadeiras potências capazes de arrastar centenas de milhares de pessoas a shows, cruzar barreiras religiosas e vender milhões de discos e DVDs. “E tem uma outra coisa – para os evangélicos, pirataria é roubo e roubo é pecado”, afirma o evangélico Danese. Como consequência, as perdas para a pirataria de gravadoras especializadas nesse mercado não passam de 15% do faturamento, enquanto para as outras o percentual pode chegar a até 60%.

Mas como vivem essas pessoas, divididas entre a pureza da mensagem divina e a lógica violenta do mercado? Como administram fé, carreira artística, vida religiosa, família, viagens, fãs, sucesso e dinheiro? ISTOÉ ouviu cinco dos mais importantes representantes do gênero na atualidade, além de gente do seu círculo social, para a seguir mostrar as alegrias, tristezas, paixões e dúvidas dos astros da fé.

Padre Fábio de Melo
Um mês atrás, padre Fábio de Melo desabafou em seu Twitter que, cansado da cidade grande, qualquer dia venderia seu iPhone e compraria um casal de gansos. Aos 42 anos, o sacerdote que nasceu em Formiga, interior de Minas Gerais, e atravessou fronteiras graças aos cerca de 30 produtos que lançou no mercado – entre CDs, DVDs e livros –, mora sozinho em um sítio numa região rural de Taubaté, interior de São Paulo. É lá, ao lado dos dois cachorros, o mastiff inglês Nathan e o bulldog francês Lucca, que ele relaxa. “Gosto de roça, de bicho. Em casa tenho pouquíssimos ruídos urbanos por perto”, afirma o sexto maior vendedor de CDs do Brasil no ano passado. No momento, o sacerdote cantor que já vendeu dois milhões de CDs e 700 mil DVDs afirma: “Estou cada vez menos urbano.”
Apesar do discurso desapegado, padre Fábio ainda não se livrou de seu smartphone. Também não abre mão de dirigir o próprio carro na ida ao supermercado. Até já arriscou uma volta em um modelo stock car, como mostra a foto acima, em 2010, um desejo antigo. Mas cavalgar, cuidar pessoalmente dos cachorros e ajudar na limpeza da casa e do jardim são seus principais passatempos quando encontra uma folga na agenda tomada – entre celebrações e um programa de rádio – por 100 shows anuais e pelo menos um lançamento de CD ou DVD por ano. “Com essa rotina, ficar em casa é sempre um luxo”, diz o sacerdote. Vestindo batina, o caçula de oito filhos explodiu como um fenômeno da música gospel no início dos anos 2000. “A vocação espiritual do Fábio era a de um padre, mas a vocação natural era a de um artista. Sendo assim, que se tornasse um padre artista”, afirma o padre João Carlos Almeida, diretor da Faculdade Dehoniana e formador espiritual, musical e universitário do sacerdote mineiro.
Padre Fábio aprendeu direitinho com seu mentor. A timidez e a melancolia do início da carreira saíram de cena e o mineiro boa-pinta de olhar triste conquistou o público se valendo de uma linguagem comum ao ambiente acadêmico – própria de quem se formou em teologia e filosofia, fez pós-graduação e lecionou em faculdades. “Fábio não é padre que faz sermão em igreja. Em qualquer lugar que ele vá seu discurso é estudado”, afirma padre Almeida. “Ele é um poeta do evangelho”, diz o pré-candidato a prefeito de São Paulo Gabriel Chalita, que publicou dois livros em parceria com o amigo religioso. Um poeta que, além da articulação das palavras, zela pela aparência. Ela, afinal, também tem o dom de cativar fãs fiéis. “Vou regularmente ao dermatologista. Já tive câncer de pele e uma paralisia facial na juventude. E procuro controlar o peso”, afirma ele. “Eu me cuido, sim. Estar bem-vestido faz parte do meu trabalho. É uma hipocrisia achar que o padre precisa andar mal-arrumado e desleixado.”


Regis Danese
A rotina de shows já foi mais puxada para Regis Danese, nascido João Geraldo Danese Silveira em 2 de abril de 1972, na cidade de Passos, interior de Minas Gerais. Até 2010, quando vivia o auge do sucesso da música “Faz um Milagre em Mim”, que o consagrou no mercado gospel, o pacato mineiro se desdobrava para cumprir uma agenda de shows que chegava a ter 40 apresentações em um mês. A música, de 2008, é tida pela indústria fonográfica evangélica como a responsável por romper importantes barreiras. Foi das primeiras a ser tocada livremente em rádios FM laicas, a ser gravada por padres católicos e a ganhar dezenas de versões. Foram 50 mil discos vendidos no primeiro mês de lançamento e um milhão em menos de um ano. “Graças a ela, fazíamos três shows em uma noite só”, diz Danese, que vive em Belo Horizonte.
Hoje, o ritmo de shows diminuiu, mas ainda está longe de ser tranquilo. São cerca de oito apresentações por mês. E, onde quer que esteja, Danese, como bom evangélico, está sempre com sua “Bíblia” – a mesma, aliás, desde sua conversão, em 2000. Durante os voos para os locais de show, muitas vezes em pequenos aviões particulares, ela é lida com mais fervor. O artista admite que tem um medo saudável do aparelho. “Uma vez pegamos uma tempestade em um aviãozinho de duas hélices que chacoalhava tanto que nem a Bíblia eu consegui ler, então comecei a cantar”, lembra ele.
A voz, instrumento de trabalho e de fé, é cuidada com esmero. Só não recebe mais atenção que o cabelo, sempre espetado. São pelo menos 30 minutos de preparo, com sprays e produtos para garantir o efeito conhecido pelos fãs. “Às vezes, quando não tem cabeleireiro, eu ajudo, mas não fica lá essas coisas”, brinca Evander Domingues, o Vandinho, violonista da banda de Danese e amigo dos tempos em que ambos ainda eram membros do grupo de pagode Só Pra Contrariar.
É de Vandinho, da fé inabalável e da família que Regis tem tirado forças para encarar o mais recente desafio que a vida lhe jogou: a leucemia da filha mais nova, Brenda, 3 anos. Em viagem para a Disney, nos Estados Unidos, no mês de janeiro, a menina começou a passar mal, estava anêmica, muito branca e cheia de manchas roxas pelo corpo. Em visita a um hospital de Orlando, foi internada imediatamente e teve de receber uma transfusão de emergência. “Ela estava praticamente sem sangue”, diz Kelly Danese, mulher de Regis. Hoje, o tratamento quimioterápico pelo qual a menina passa em Belo Horizonte mudou a rotina da família.
O astro gospel já não joga mais seu futebolzinho semanal e pouco se diverte. “Todo o tempo livre que ele tem passa em casa olhando para a Brenda e orando”, diz Kelly. Um DVD, que seria gravado no mês que vem pelo astro, foi cancelado. Os shows, porém, continuam. Quando está fora, ele liga mais de cinco vezes por dia para saber notícias. “Hoje, meu foco é minha filha”, diz Danese.

Fonte: A reportagem na íntegra com a entrevista e a matéria sobre os demais artistas da capa, como Padre Marcelo Rossi, Aline Barros e Ana Paula Valadão, você encontra acessando o site da Revista Isto É: www.istoe.com.br/reportagens/paginar/209097_A+ROTINA+DOS+POPSTARS+DA+FE/2.

Meu Comentário: Dos cantores apresentados na matéria, só conheço um deles pessoalmente, que é o Regis Danese, pois até o ano passado ele morou em Uberlândia. Me lembro quando ele lançou seu prímeiro disco evangélico "O meu Deus é Forte" em 2004. No ano seguinte, o convidei e ele aceitou cantar sem cobrar nada numa pequena igreja que fui pastor. Sei que hoje ele vende muito e como os demais artistas do meio gospel possui seu cachê, mas ele sempre se comportou de forma humilde em nossa igreja. Não se portava com nenhum estrelismo nos cultos, que aliás, era comum vê-lo em muitos domingos e terças-feira sentado com sua famíla na igreja. Se tinha oportunidade, cantava, mas estava sempre ali. Fiquei triste, quando soube da doença da sua filhinha e tenho orado por eles.  



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