Afinal, quem foi Calvino?
Cristianismo

Afinal, quem foi Calvino?



Quem é este? Amado por uns, odiado por outros. Ainda há aqueles que se professam calvinistas por apenas terem entendido os “cinco pontos do calvinismo”. Por ocasião dessa data, nos dispomos a conhecer a vida e a obra deste servo do Senhor.

*Este texto não busca exaltar Calvino, mas sim, exaltar ao Deus a quem ele servia. Não por acaso ele foi quem foi. Deus o capacitou e o fez realizar a obra que segue. É interessante citar as palavras de Paul Washer: Não há grandes homens de Deus, só há pobres, fracos, pecadores que têm um Grande e Misericordioso Deus.

“Post Tenebras Lux” (Depois da escuridão, luz)

Quem foi João Calvino

(Este texto se trata basicamente do resumo do capítulo 1 do livro “A arte expositiva de João Calvino” de Steven Lawson, publicado no Brasil pela Editora Fiel)

João Calvino é a forma ‘aportuguesada’ de Jean Cauvin. Ele nasceu na França, em 1509 – Lutero já tinha 26 anos. Com 14 anos, Calvino entrou na Universidade de Paris, onde se graduou como mestre em Ciências Humanas aos 17. Mais tarde, em 1532 tornou-se doutor em Direito e publicou seu primeiro livro: um comentário sobre De Clementia, escrito por Sêneca.

Sua conversão se deu durante os estudos em Direito e mudou as rotas de sua vida. Calvino passou a se interessar pelo conhecimento em teologia em detrimento dos demais conhecimentos, embora ele ainda estudasse outros temas.
Por conta de suas fortes colocações em nome da reforma, teve que fugir de Paris, usando um lençol como corda. Calvino esteve preso, mas fugiu e foi amparado por Louis du Tillet, período em que se dedicou a estudar com afinco a teologia bíblica – dando especial atenção aos escritos de Agostinho.

Em razão de uma anistia temporária, Calvino retornou à França a fim de visitar seus parentes. De volta à terra natal, por conta da guerra entre Charles V e Francis I, Calvino teve que passar por Genebra, onde ficaria uma única noite. Reconhecido por William Farel, líder reformado de Genebra, foi convencido a permanecer naquela cidade. Juntos, Calvino e Farel redigiram uma confissão de fé, mas acabaram por serem expulsos da cidade em 1538.

Exilado em Estraburgo, Calvino passou a pastorear uma igreja de refugiados de fala francesa, e se casou com a viúva, mãe de dois filhos, Idelette Stordeur em 1540. Calvino e Idelette tiveram um aborto, perderam uma filha durante o parto e um filho que sobreviveu por apenas duas semanas. Acerca disto, Calvino escreveu:

“Certamente o Senhor nos infligiu uma dolorosa ferida com a morte de nosso filho. Mas Ele próprio é pai e sabe o que é bom para seus filhos.”

Em 1549, sua esposa morre por tuberculose. Calvino nunca se casou novamente.

Em 1541, a pedido do Conselho Municipal de Genebra, Calvino retorna àquela cidade e volta a pastorear. Ele pregava, em sua igreja, várias vezes aos domingos e, intercalando as semanas, todos os dias da semana. Para Genebra, fugindo da perseguição, foram levados muitos cristãos, entre os quais Jhon Knox (futuro líder da Reforma na Escócia), tradutor da Bíblia de Genebra para o inglês.

Como pastor em Genebra, Calvino enfrentou ameaças contra sua vida, além de doenças e dos libertinos. Estes exigiam que pudessem tomar a ceia, mas Calvino era irredutível.

“Vocês podem esmagar estas mãos, podem cortar fora estes braços, podem tirar minha vida, meu sangue é de vocês, podem derramá-lo, mas jamais me forçarão a dar as coisas sagradas ao profano e desonrar a mesa de meu Deus.”

Calvino morre em 27 de maio de 1564, por sua saúde fragilizada. Em seu testamento, Calvino escreveu:

“Humildemente suplico que Ele me lave e limpe com o sangue de nosso grande Redentor… a fim de que ao aparecer diante dele, seja semelhante a Ele.”
O legado de João Calvino

Calvino comentou quase toda a Bíblia e escreveu a obra prima decisiva da Reforma Protestante: As Institutas da Religião Cristã. Seus sermões eram registrados por meio de taquigrafia, de modo que hoje temos acesso a eles. Sua obra influenciou o sínodo de Dort, na Holanda, e foi o ponto de partida para a Confissão de Fé e os Catecismo de Westminster.

Segundo John Piper em seu vídeo biográfico sobre Calvino, ele escreveu:
200 sermões sobre o livro de Deuteronômio;
159 sermões sobre o livro de Jó;
353 sermões sobre o livro de Isaías;
86 sermões sobre as cartas aos Coríntios, etc.
Quando Calvino chegou em Genebra, a cidade tinha uma lei que permitia que cada homem tivesse apenas uma amante, tamanha a imoralidade da cidade. Esse quadro foi mudado por meio da pregação da Palavra.

O que podemos aprender com Calvino

A pregação expositiva tem a função de prender o pregador ao texto, diminuindo assim divagações aleatórias e fugas do sentido essencial. Essa era a forma que Calvino pregava e que, graças a Deus, permitiu o retorno à Palavra de Deus por parte das pessoas. Não se atendo apenas àquele tempo, sua influência perdura até hoje. Essa é a pregação fiel às Escrituras.

Também podemos aprender que o fato de alguém ser cristão – mesmo os mais brilhantes – não o exime de sofrimento e perseguição. A Bíblia nos ensina isso e a história também.

Por último, ainda que você, leitor, não seja calvinista, busque colocar em prática aquilo ensinado por Paulo aos Coríntios:

“Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus.” (1 Coríntios 3:21-23)

Faça uso também desse servo para o seu crescimento e crescimento dos seus irmãos. É tudo nosso.

Que sejamos confrontados por essa forma radical de vida cristã. Que não deixemos que a teologia seja algo teórico ao invés da verdadeira explicação sobre a realidade.

Nossa oração é que sejamos confrontados a crescer em piedade.



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